6 de agosto de 2008

A novela HUT x HGV

Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda

Os meios de comunicação locais, em suas notícias sobre o funcionamento do Hospital de Urgência de Teresina “Zenon Rocha” – uma celeuma envolvendo a prefeitura de Teresina e o governo do Estado – sempre insistem em dar conotação política ao assunto. Mas, se fizermos uma análise mais acurada, podemos constatar que, nesse episódio politicamente ninguém sai ganhando: nem o governo e nem a prefeitura, pois assim que algum membro de uma das partes envolvidas declara que a negligência é do outro, de imediato vem à réplica e o resultado está aí: doentes jogados às traças.

Agora, o “abre-e-fecha”, respectivamente do hospital HUT e HGV chegou às barras da justiça, que determinou o fechamento do Pronto Socorro do HGV. No entanto, os próprios médicos admitem que não há condições de a decisão ser cumprida em tempo recorde, pois não adianta os pacientes se deslocarem para o HUT e lá não poderem ser atendidos por causa da falta de material humano. Resultado: muitos óbitos. Como sempre a corda quebra do lado mais frágil, que são aquelas pessoas despossuidas de recursos, que não têm como ser atendidas na rede particular.

Seria salutar para a prefeitura e o governo, antes de colocarem a culpa um no outro, pensarem que a questão lida com vidas humanas, por sinal, vidas que os colocam no poder nas constantes eleições que se sucedem em todos os níveis. Teresina, batizada como um centro de referência do meio norte do país deverá perder uns pontinhos no conceito por causa dessa traumática inauguração do HUT.

Em plena campanha eleitoral para uma eleição que se avizinha os candidatos representantes dos poderes estadual e municipal, não tomam atitudes emergenciais para debelar o problema. O que vemos e ouvimos são ofensas e acusações trocadas por meio da imprensa entre as partes Enquanto isso, o povo está morrendo como aconteceu com um pobre coitado, que após perambular de um lado para outro em busca de atendimento médico terminou perdendo a vida sem conseguir o intento.

O fato sequer provocou a sensibilidade dos que detêm as chaves do poder não mãos, pois desde esse acontecimento nenhuma solução sensata foi tomada no sentido de evitar a repetição de mortes. Também, diz um ditado popular: “Panela que muitos mexe a comida sai ensossa ou salgada”. O caso do hospital é parecido com isso, apesar da construção do mesmo ter sido de iniciativa da prefeitura, os governos federal e estadual já se envolveram; o Ministério Público também e, por último, a justiça. Por isso, sobrou para os pacientes a comida insossa.