3 de março de 2009

Transporte coletivo ainda é um problema‏


Artigo de autoria de Alborino Teixeira da Silva - professor da Rede Estadual de Ensino do Piauí

O transporte coletivo urbano ainda é um dos maiores problemas de nossa cidade. Infelizmente! Como se não bastasse, ainda temos uma câmaras de vereadores que, em grande parte, não tem nenhum compromisso com a população usuária de ônibus. Isso ficou claro na última sessão da câmara municipal para discutir o reajuste da tarifa do transporte coletivo.

Segundo o jornal O Dia, dos vinte e um vereadores e vereadoras que compõem a câmara, apenas onze compareceram àquela casa legislativa. Isso é que chamamos de falta de responsabilidade e compromisso político para com o povo que elege os representantes na esperança de melhorar a vida da cidade, e termina sendo enganado em momentos importantes e significativos como este do reajuste das passagens de ônibus.

Fatos desta natureza só acontecem por falta de inserção, participação, organização e maior empenho da população de Teresina, que está acomodada diante dos graves problemas existentes em nossa cidade, entre eles, o transporte coletivo urbano. É preciso acordar e reconhecer que as entidades estudantis, com seu poder de organização, não são suficientes para resolver o problema.

Os movimentos sociais hoje quase não existem, portanto, o poder de organização social é mínimo. Temos que fomentar mais discussão, mobilização, debates transparentes com as outras forças políticas da cidade e do Estado. É necessário fazermos caminhadas pelas ruas, bairros, conjuntos habitacionais e demais periferias da cidade de forma ordeira e fraterna, para que população possa entender e reerguer suas forças juntamente com as entidades estudantis e demais forças do minguado movimento social de Teresina, para que possa de fato abraçar de vez a luta por um transporte público de qualidade com mais força e vigor.

Transporte coletivo sempre foi e continuará sendo um problema do povo, das massas populares; portanto, exige que a sociedade civil se organize em torno dele. Penso que as manifestações na câmara podem e devem continuar, mas, é preciso ficar claro: o maior protagonista da luta pelos transportes urbanos de Teresina é na sua população, que continua pagando altos impostos e ainda é penalizada de forma exorbitante com o reajuste da passagem de ônibus. É bom lembrar que o problema dos transportes coletivos não se resume em um simples reajuste de tarifas, mas também em manutenção e substituição de ônibus velhos (caiaos e caducos), fiscalização constante, principalmente à noite, quando o descaso é maior ainda. Só mesmo o Setut e o poder público não enxergam essa situação.

É preciso relembrar também, o forte período de mobilização, organização e empenho dos movimentos sociais na década de 1980 em Teresina, inclusive em torno da questão do transporte público. Quem não lembra a dramática situação do transporte coletivo em conjuntos habitacionais em conjuntos como Mocambinho, Saci, Parque Piauí, Dirceu Arcoverde e demais periferias da cidade nessa época. Além do número irrisório de ônibus, estes eram velhos, com muitos anos de uso e, às vezes, incendiavam pelo motor ou cano de descarga por falta de manutenção. E os passageiros, juntamente com cobrador e motorista, ficavam atordoados com medo de morrerem queimados. No caso do conjunto Mocambinho, havia apenas dois ônibus de uma mesma empresa para uma população de aproximadamente vinte e seis mil habitantes. Entretanto, nós da comunidade tínhamos um forte poder de organização e mobilização através dos movimentos sociais. E assim, surgiram entidades como a FAMMC, a FAMEP, a UCONORTE, além de várias associações de moradores. E por falar em FAMMC e FAMEP: aonde andam essas entidades?