Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda
Será que o ministro Gilmar Mendes teria ficado com alguma mágoa pessoal contra os Jornalistas que, nada mais nada menos, utilizaram das suas prerrogativas de informar os fatos acontecidos no episódio da Operação Satiagraha, que culmuinou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas, solto por ele horas depois? Fica a dúvida, pois além de cancelar a obrigatoriedade do diploma do jornalsita, ainda comparou os profissionais da área com a profissão de cozinheiro, denegrindo - assim também - a imagem destes valorosos profissionais.
O fato aconteceu na semana passada, quando a maioria dos ministros da corte maior decidiu que o diploma de jornalista não é mais obrigatório. A decisão teve um placar de oito votos contra um. Marco Aurélio Mello foi o único que defendeu a manutenção do diploma. A partir de agora, fica a cargo das empresas decidirem se exigem ou não o diploma. Da mesma forma que as universidades poderão continuar com o curso. A diferença agora é que o governo não poderá mais intervir em nenhum caso.
Gilmar Mendes, presidente do tribunal e relator do caso, votou contra a obrigatoriedade do diploma. Para ele, a profissão de jornalista não oferece perigo à coletividade. Os ministros seguiram os argumentos da advogada do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo. Ela defendeu que o Jornalismo não deve ser comparado às profissões de “médico, engenheiro ou piloto de avião”:
Minha cara advogada e meu caro ministro, o jornalismo já foi chamado de quarto poder da República. “Como, então, não é necessário o conhecimento específico pra ter poder desta envergadura? É evidente o efeito devastador de uma notícia feita por um inepto. A divulgação de um balanço errado é uma catástrofe que se multiplica em segundos pelo mundo inteiro”.
Acredito que qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento que seja, realmente, a profissão de jornalista deve ser a favor da obrigatoriedade do diploma. Afinal, ser Jornalista é muito mais do que escrever. É saber fazer pautas, analisar as informações recebidas para não se tornar mero repetidor de informações “plantadas”, como se ver naqueles que exercem a profissão sem ter frequentado uma faculdade. Não se preocupam em apurar os fatos de modo consistente. Isto sem se falar na questão da ética...
Sem desmerecer qualquer profissional de outras áreas e, seguindo o princípio da advogada, qualquer pedreiro poderá trabalhar de engenheiros ou arquiteto, um açougueiro poderá ser médico, um cozinheiro ser nutricionista ou um balconista de farmácia ser farmacêutico ou médico. Mas a culpa não recai somente na justiça, não: esse legislativo que tem no Brasil é de causar inveja.
Escrever bem deveria ser obrigação de qualquer profissional de nível médio e superior. Isto não é condição suficiente para alguém se considerar capacitado para exercer jornalismo. Muitos farmacêuticos e enfermeiros sabem tratar doenças melhor do que alguns médicos. Alguém já falou em deixar que aqueles profissionais exerçam a medicina? Meu caro ministro, se não tiver essa obrigatoriedade daqui a pouco teremos curiosos sem diploma algum fazendo cirurgias, construindo prédios, defendendo causas...