7 de julho de 2009

“Não tenho tempo”

Estima-se que os primeiros primatas que habitaram o planeta terra viveram há cerca de 47 milhões de anos atrás. De lá até os chamados tempos modernos o tempo mantém o princípio da relatividade e da constância. “Não tenho tempo”, expressão muito usada nos dias atuais, chamou-me atenção pela freqüência com que a pronunciamos ou a ouvimos. Posso parecer ridículo em fazer tal indagação, mas vocês não acham que tudo parece realmente muito mais acelerado”? Bem , eu tenho ouvido buzinas estridentes no caótico trânsito, filas intermináveis, pessoas falando rapidamente, compromisso perdidos ou ditos inadiáveis, críticas severas nas demoras, mecanismos que propõem otimizar sue tempo, envelhecimento precoce, maturidade precoce das crianças e adolescentes, produtos descartáveis, isto é, para que dure pouco, comunicação apressada, sensação de que já estamos velhos demais, descobertas instantâneas, curas rápidas e milagrosas, desejos de ter cada vez mais, medo de perder o que já tem, ou seja, uma áurea material de apego sem precedentes. Gostaria de pedir-lhe um pouco do seu precioso tempo para que compartilhe comigo algumas idéias que nos parece conflitantes e paradoxais . Faça um breve histórico mental de suas atividades rotineiras diárias, incluindo até um simples trocar de roupas, aí veja em que ocupa mais o seu tempo e qual o tempo que lhe sobra para fazer exatamente nada. Após esta breve constatação veja que tempo você dedicou aos outros e que tempo destinou a si mesmo. Bem, pode ser que seus resultados sejam diferentes dos meus, pois dentro do meu grande egoísmo, cheguei a triste conclusão que estou quase que exclusivamente vivendo para meu ser. Como assim? Explico. É que quando eu acordo, tomo meu banho, escovo meus dentes, visto minhas roupas ,tomo meu café , pego meu transporte, até meu trabalho, onde ganho meu dinheiro, para o meu sustento e pagar minhas dívidas,comprar minhas coisas. Ah! quase esqueci meu celular, para manter meus contatos. Pois é. Deu para notar que tudo está na primeira pessoa do singular, ou seja, em torno do “importante” EU. Nem as dívidas foram ditas nossas. Queremos que tudo ao nosso redor concentre-se em torno de nós mesmos. Aprendemos até como acelerar o tempo para tirarmos vantagens disso. E não temos tempo para perder com os outros. Isto inclui nosso pais, irmãos, filhos, cônjuges, parentes e aderentes, fechando ciclo em nós mesmos, que passamos a pagar o preço do “eu não tenho tempo” . Gostaria que você que teve tempo para ler este texto, soubesse que entendo que tempo é amor, amor é vida, vida é união, união é compartilhar, compartilhar é ser solidário e ser solidário é dar sem esperar receber. Então quem sabe um dia sejamos algo que sempre desejamos ser, ou seja , verdadeiramente HUMANOS. Esses pensamentos são uma pequena janela do nosso ser, ou não, pois o discordante e o absurdo também faz parte de nosso mundo.

Dr. José Osvaldo Gomes dos Santos
Médico Ortopedista