Artigo de autoria de Mário Pires Santana – Sócio Efetivo do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Parnaíba – IHGGP
No dia 14 de agosto passado, Parnaíba completou 165 anos de elevação da Vila de São João à categoria de cidade. No entanto entendo que esta data de aniversário vem sendo comemorada erroneamente ao longo do tempo. Haja vista que, no mínimo a data a ser comemorada seria aquela da criação da “Vila de São João da Parnahyba” ocorrida a 18 de agosto de 1762, por ordem do governador da então Capitania de São José, João Pereira Caldas cumprindo a decisão da Carta Régia de 19 de junho de 1761. Naquele ano foram criadas juntamente com a nossa Vila, as de Campo Maior, Marvão, Jerumenha, Valença, Parnaguá e Oeiras, que logo passou a ser cidade e capital da Província. Aquelas importantes e históricas vilas de outrora, consubstanciaram-se como as verdadeiras raízes de todas as cidades que compõem hoje o estado do Piauí.
Por isso, e pelos exemplos passados pelas hoje, cidades de: Campo Maior, Castelo do Piauí, Jerumenha, Valença, Parnaguá e Oeiras, que, inteligentemente comemoram cada aniversário, na data de criação da vila; não entendo o porquê, de Parnaíba insistir com a data de uma pretensa emancipação que não houve, por não haver sido desmembrada de ninguém.
Ademais, vale ressaltar que, as históricas cidades como: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Olinda, São Luís, Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Ouro Preto, dentre outras comemoram o dia do aniversário como sendo a data do primeiro povoamento.
Assim sendo, Parnaíba que, muito antes de ser constituída oficialmente como Vila de São João, já possuía um povoamento --- Vila de Nossa Senhora de Monserrate --- patrocinado pelo fazendeiro português Pedro Barbosa Leal, aqui instalado com o intuito da exploração da carne e do couro bovino. Pedro Barbosa Leal expediu correspondência à Cúria Diocesana do Maranhão, com a data de 11 de junho de 1711 solicitando autorização para construir uma igreja no novo povoamento, oportunidade em que construiu e instalou na Ermida hoje existente na Rua Duque de Caxias, a imagem de Nossa Senhora de Monserrate --- vinda de Portugal ---, padroeira dos navegantes.
Parnaíba completou então, no dia 11 de junho passado 298 anos do primeiro povoamento, e, em 2011 completará a longeva, histórica e digna de comemoração festiva, idade de 300 anos.
Isto posto, sugiro que este assunto seja amplamente discutido e analisado pelas autoridades constituídas, sociedade organizada, imprensa, e os órgãos culturais como o IHGGP --- Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Parnaíba e a APAL --- Academia Parnaibana de Letras. Mesmo porque, ao continuarmos exaltando a data da inexistente emancipação da cidade, certamente estaremos jogando na vala injusta dos esquecidos, toda uma história de 133 anos de glórias de nossa cidade, como dentre outras, a implantação das charqueadas que fizeram Parnaíba conhecida no mercado brasileiro e europeu, e, as vanguardistas lutas pela independência em 1822 que proporcionaram à nossa cidade, por reconhecimento de Dom Pedro I o honroso título de “Metrópole das Províncias do Norte”.
Mário Pires Santana
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