Humilhação. É a palavra que mais caracteriza a situação pela qual estão passando muitos professores substitutos, da rede estadual de educação na cidade de Parnaíba, que estão com os salários atrasados há três meses.
Alguns servidores ao procurar a GRE (Gerência Regional de Educação) de Parnaíba, no início desta semana, para saber a posição da SEDUC (Secretaria de Educação e Cultura do Piauí), em relação ao atraso, o motivo alegado foi a existência de problemas na documentação de alguns contratados, os quais não preencheram corretamente o cadastro de contrato com o Governo e alguns dados deixaram de serem informados o que prejudicou a efetivação do processo de contratação. Ou seja, a culpa dessa situação é dos próprios professores. Mas isso aconteceu com alguns e muitos outros que não tiveram problemas com a documentação também estão sem receber.
Quanto à efetivação do pagamento, a promessa feita pela GRE de Parnaíba em nome da SEDUC, foi que na próxima folha de pagamento, que se inicia no final de junho se estendendo até meados de julho, os professores começarão a receber seu salário de junho, o primeiro desde o início do ano letivo. Em relação aos atrasados, a Regional de Parnaíba disse que estes serão pagos de forma parcelada.
A situação de atraso já deixou os professores irritados e o parcelamento selou ainda mais a indignação com o Estado que prega aos “quatro ventos” uma educação de qualidade. Somente quem está na sala de aula sabe como de fato é o sistema educacional e sente na pele as dificuldades que este passa.
Já não bastava o salário ínfimo que o governo paga aos professores (quando paga), destes ainda é usurpado o direito de receber em dias sua remuneração. Essa situação de humilhação que estão sendo submetidos estes profissionais, os quais em muitas escolas são a maioria entre os professores, é um desrespeito sem tamanho com uma classe importante na formação de qualquer cidadão.
Os ouvidos já não suportam tanto discurso sem respaldo na prática. Os depoimentos que falam em uma educação de qualidade são cada vez mais distantes da realidade. E se não há mobilização por parte dos professores que seja capaz de trazer transformações ao seu espaço de atuação, mais uma vez a esperança que se vê bem no fim do túnel é mudança que pode vir pelo voto.
Por Francisco Antônio Alves