Estava eu, como de costume, matando um velho hábito adquirido num passado bem distante: o de comer logo cedo da manhã aquelas comidas caseiras do Mercado do Mafuá. Assim como este humilde escriba, grande parcela da comunidade Teresinense gosta de fazer tal coisa. Lá encontramos amigos e velhos conhecidos, principalmente aqueles que gostam de ir mais além durante as “cervejadas” noturnas dos finais de semana.
Porém, neste último sábado, uma coisa me chamou a atenção. A movimentação das pessoas era mais intensa, e um barulho de som, tocado por uma banda cada vez mais aproximava do local onde estava a brigar com um osso para extrair seu tutano quando saboreava uma velha e tradicional Mão de Vaca. Aos poucos foram surgindo os músicos com suas cornetas e tambores e logo em seguida uma pequena multidão uniformizada de camisa amarela, ovacionava dois candidatos a deputados para a eleição vindoura.
Entre tapas nas costas e apertos de mãos os dois percorriam as bancas das verdureiras, bem como as mesas das pessoas que comiam. Do meu canto observava atentamente os sorrisos largos estampados nos rostos dos candidatos e mais ainda a preocupação dos seguidores em distribuir santinhos e pedir votos para os dois. A minha mesa foi uma das visitadas pelos candidatos, sempre acompanhados de moças jovens e bonitas, que impressionavam os habituais fregueses com suas “simpatias” enaltecendo o valor dos “chefes”.
Achei bonito o gesto dos dois candidatos. Sem aqueles velhos e antipáticos discursos de retóricas fizeram a média com os populares que ali se encontravam. No entanto, fica patente cada vez mais um velho ditado popular que diz: “político só aparece em lugar de pobre quando é para pedir votos”. Claro que exceção existe. Embora sejam raras. Por isso perguntamos: Por que esses e outros políticos, em especial aqueles que detêm mandatos eletivos, não andam nesses lugares com frequência?
É ali onde trilha pessoas de diferentes bairros, e todas com alguma história ou sugestão para expor sobre algum problema localizado na comunidade onde reside. Daí a importância de uma visitação sistemática dos políticos nesses espaços populares. A ausência dos nossos representantes deixa claro o velho ditado popular citado acima. Ou será que eles têm medo de ser cobrado por promessas não cumpridas? Dolorosa interrogação!.
Por Jânio Holanda – Jornalista