12 de setembro de 2010

Sobre as pesquisas eleitorais

Em ano de eleição, as pesquisas de intenção de voto orientam estratégias partidárias, determinam os rumos das campanhas políticas e despertam grande interesse no eleitor. Entretanto, e devido ao acirramento das candidaturas, e o sobe desce dos números das pesquisas, as eleições majoritárias de outubro no Piauí estão confundindo até os grandes analistas de plantões.

A proliferação dos institutos e as diversidades entre os mesmos são de causar espanto. São inacreditáveis as constantes mudanças (de um dia para o outro), dos índices de intenção de voto do eleitor, mostrados diariamente pelos meios de comunicação locais. Os números sondados por meia dúzia de institutos que estão fazendo o levantamento sobre o assunto são estarrecedores: ninguém sabe quais dados podem realmente refletir a realidade do eleitorado.

A pesquisa eleitoral é um método utilizado para amostragem, ou como queiram uma sondagem que é feita acerca da tendência dos eleitores, naquele momento. Costumo dizer que é um termômetro para os partidos medirem o prestígio de seus candidatos, e também os seus desempenhos em determinadas regiões. Porém, nenhuma pesquisa pode ter a pretensão de substituir a eleição propriamente dita.

Independentemente dos resultados das pesquisas, cabe ao eleitor certa cautela, ainda que o seu candidato esteja encabeçando a lista de tendências. Até quem está na dianteira pode ter prejuízos, caso se acomode e entre no clima do "já ganhei!". Esse fenômeno já ocorreu por diversos estados e cidades do país, e para surpresa geral, em inúmeras eleições que apontavam um determinado candidato na terceira posição, foi este que exatamente se elegeu.

Alguns fatores podem comprometer a credibilidade de uma pesquisa. Por exemplo: mostras e questionários não muito claros, divulgação parcial dos resultados, divulgação dos resultados muito tempo depois do levantamento, divulgações malfeitas dos resultados pelos veículos de comunicação.

Aqui parafraseando o blogueiro Reinado Azevedo: “a questão, no que concerne às pesquisas, é CREDIBILIDADE. Casar o levantamento de dados com a agenda de um partido poria, quando menos, sob suspeição as intenções de institutos não pusesse mesmo é o resultado apurado. “Se o Datafolha e o Ibope apontarem a mesma coisa quero ver o que você vai dizer…” Ora, vou dizer que um eventual acerto não indica que o procedimento tenha sido correto.

Vocês conhecem aquela fábula do pastorzinho que vivia dando alarme falso: “Olha o lobo, olha o lobo…” Não foi o lobo que comeu todas as ovelhas do rapaz, mas a sua falta de credibilidade. Assim, certos ou errados os números de agora, não tenho como saber, espero dados críveis para que possa fazer a devida análise.

Estamos em ano eleitoral e os posicionamentos "implícitos" de apoio político partidário da grande mídia estão cada vez mais difíceis de simular. Os resultados comprometedoramente divergentes de pesquisas eleitorais, divulgados – ou omitidos – por institutos vinculados a diferentes grupos de mídia são apenas uma das muitas expressões públicas da partidarização crescente.

Jânio Holanda - Jornalista