7 de março de 2011

História da última Assembleia Geral da greve dos Trabalhadores em Educação do Piauí

Professor Alborino Teixeira
A direção do SINTE-PI usou do seu autoritarismo, fez manobra e conseguiu aprovar a proposta de fome do Governo Wilson Martins. Os cento e oitenta e sete reais propostos pelo Governo do Estado representam apenas uma parcela dos empréstimos que os trabalhadores e trabalhadoras em educação tem a pagar no Banco do Brasil para poder sobreviver e não morrer de fome. É por isso que a greve teria que continuar naquele momento, para que pudéssemos arrancar algo mais do Governo.

É ridícula a proposta salarial que o Governo Wilson Martins apresentou aos trabalhadores e trabalhadoras em educação. Todos os que estavam na Assembleia Geral, naquela manhã de sexta-feira (04 de setembro de 2011), viram e ouviram, a discussão e o debate em torno da proposta do Governo estava boa e tinha muita gente inscrita para falar. De repente a presidente do SINTE-PI percebe que a maioria das falas estavam convergindo para a continuidade da greve e logo começou a organizar sua velha manobra para pôr fim ao movimento, que já durava cerca de 15 dias e estava dando certo. Ela pergunta para a assembleia: “vocês acham que as falas devem continuar ou fazemos logo os encaminhamentos?” A essa altura muitos trabalhadores e trabalhadoras em educação ainda estavam inscritos e ansiosos para falar e fazer sua avaliação, inclusive eu, Alborino, 63 anos, já cansado de esperar.

Resultado, em meio à votação tensa e confusa, ela conseguiu aprovar a proposta de fome de Wilson Martins e Átila Lira para a alegria de todo o Governo e para a continuidade da miséria no seio da categoria dos trabalhadores e trabalhadores em educação. De modo que os mais prejudicados neste cenário foram os técnicos administrativos, vigias, zeladoras e merendeiras. Aqueles que a senhora presidente do SINTE-PI fala todos os dias e em todas as assembleias em valorizá-los. Quem não lembra desta declaração da presidente nos meios de comunicação durante a greve: “nem que eu tenha que vender o patrimônio do SINTE, mas não vamos sair desta greve sem nada!”

A impressão que fica no imaginário da categoria é que pode ter acontecido nas reuniões com o Governo um conchavo. É a impressão que fica diante deste acontecimento, diante do medo e da burrice de boa parte da direção do SINTE-PI, inclusive da senhora presidente do SINTE que só fala em união dos trabalhadores em educação. Só que fica difícil união com manobra e conciliação com o Governo-Patrão. Deixar os trabalhadores e trabalhadoras em educação sem se manifestar em um momento como este é no mínimo um desrespeito a todos que ajudaram a construir a Greve, mais do que isso, uma grande afronta à democracia tão falada pela direção SINTE-PI. Certamente o Governo do Estado está batendo palmas para a direção do SINTE-PI por ter conseguido aprovar a proposta de fome de Wilson Martins. O Governo do falso desenvolvimento.

A Luta é difícil, mas é preciso fazê-la, se quisermos viver verdadeiramente.

Alborino Teixeira da Silva
Professor da Rede Pública Estadual do Piauí
E-mail: teixeiraalborino@ig.com.br