Jânio Holanda |
Começando este artigo, abro este tópico sobre as manifestações públicas, as quais considero como "ponto de partida" a esse exercício de rememoração coletiva. Penso que, talvez partindo da recuperação da memória daquelas primeiras experiências de enfrentamento da representação destruidora de reputações, de decidir-se superar os temores por todos os riscos implicados e ocupar o espaço público reivindicando o direito a não discriminação.
No entanto interesses superiores movidos por força maiores as deixam enfraquecidas. Neste sentido faço referência aos manifestantes contrários à badalada e propalada reforma de ampliação do Aeroporto Petrônio Portela. Parece-me, que agora é pra valer, depois da presença do comandante da Infraero em Teresina para assinatura da Ordem de serviço que dá o ponta pé inicial da obra. De certo é que dos inúmeros projetos anunciados pela imprensa local o que deve prevalecer neste momento é que vai remover mais de 400 famílias do entorno da área.
Falta de manifestação de representantes desses moradores que são contrários à realização das obras até o momento não se viu. Seja através da Associação dos Moradores do Bairro Aeroporto ou mesmo advinda das próprias pessoas que dizem serem prejudicadas com reforma. Até uma audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores, que contou também com a presença de representantes da Prefeitura Municipal de Teresina e da Infraero aconteceu.
E mais: o presidente da Associação de Moradores do Bairro Aeroporto, Raimundo Nonato de Oliveira foi convocado por alunos do curso de Serviço Social da UFPI para dar uma palestra sobre o assunto. Na ocasião, disse-me uma aluna, durante a palestra ele afirmou que teme que aconteçam injustiças nas indenizações com o pagamento de valores insuficientes. Com justa razão, entre os imóveis que deverão ser esvaziados inclui casas, prédios públicos e privados, assim como terrenos vazios.
Pois bem, todos sabemos que o processo que envolve as desapropriações, talvez com a intermediação da Caixa Econômica Federal é longo e burocrático e as pessoas ainda não foram notificadas a respeito do esvaziamento dos imóveis porque os recursos não foram liberados. Além disso, muitas famílias moram na região de forma irregular em casas sem documentação. Perguntamos: Será que estas pessoas vão ficar no olho da rua com um pé na frente e outro atrás?
Pois é. Mas voltando ao tema inicial, vamos tratar da visita do chefe da Infraero no Aeroporto no dia da assinatura da Ordem de Serviço. Na ocasião, encontrava nas proximidades da solenidade um carrinho de som com uma locutora cercada por meia dúzia de gatos pingados se esguelhando na tentativa de repassar ao público que se dirigia ao Aeroporto sobre os malefícios que a reforma traria para a população da cercania do aeroporto se fosse concretizada.
Ao passar pelo local pude observar a movimentação daquela manifestação e isso me inspirou a escrever e dar o meu pitaco sobre o assunto. Não obstante, é claro, a fazer qualquer julgamento precipitado. Porém, pensei cá com meus botões. - Se essa manifestação envolvesse “gente rica e poderosa” da nossa capital a maldita reforma iria parar nas cucuias. Aliás, nem manifestação aconteceria.
Porém, vamos aguardar o desenrolar dos fatos, pois o prefeito de Teresina, Elmano Férrer, salvo engano, está meio reticente. Parece-me que se arrependeu de ter assinado o tal decreto que justifica a desapropriação dos imóveis e a retirada das famílias da área. Será que na hora da canetada ele não lembrava que as demolições vão acontecer justamente na reta final da campanha para sua reeleição. Hummm!
Jânio Holanda - Jornalista