Jânio Holanda |
Por incrível que pareça, mas, parece-me, que nunca tinha visto um movimento paredista ter sido tão bem sucedido como este da Polícia Militar, recentemente acontecido. De pronto foram contemplados nas suas reivindicações sem nenhuma punição e até receberam elogios por parte dos superiores, que reconheceram os direitos da greve, entre os quais, leiam-se o próprio governador do Estado e o comandante da guarnição.
Agora muita gente ficou encafifada com isso, ainda não entenderam porque os militares foram atendidos rapidamente enquanto os civis amargaram dias e mais dias uma greve que parecia sem fim. Nesta greve, o saldo para a categoria dos policiais civis foi negativo. O que aconteceu entre “patrões e empregados”, não passou de muito bla-bla-bla. Isto é, muito conversa e pouco proveito. Será que uns são melhores que os outros?
De certo é que a greve dos policiais civis a abertura de um canal de negociação por parte do Governo do Estado do Piauí, veio acontecer apenas 29 dias, após o início do movimento. Apesar de a Assembléia Legislativa do Piauí, intermediar as negociações entre o Governo e os diretores do Sindicato dos Policiais Civis do Piauí e da Associação dos Policiais Civis do Estado, não se viu falar em nenhum progresso e os mesmos retornaram suas atividades contentadas apenas com promessas futuras.
O governador Wilson Martins pode se vangloriar, ou melhor, se lastimar por ter sido, talvez, o governo que bateu o recorde em número de greves no Piauí, proporcionalmente ao tempo de poder. Salvo engano, num curto período quase uma dezena de categorias de trabalhadores cruzou os braços, cobrando direitos adquiridos em planos de cargos e carreiras prometidos pelo governo de Wellington Dias.
De olho na sua eleição ao senado e do próprio sucessor, o então governador não mediu conseqüências e passou a canetada concedendo “benefícios” aos trabalhadores estaduais. Astuto, ele ensaiou algumas estratégias que previa sua ascensão ao poder político e a implantação destes planos foi uma delas. No entanto, a maioria dos processos em andamento se concretizaria apenas no governo do sucessor.
Daí os motivos dos excessivos movimentos grevistas do governo Wilson Martins. Quebrado, o Estado está recorrendo às suplementações no orçamento e empréstimos junto às instituições financeiras. Estes empréstimos, segundo o próprio governador, serão a tábua de salvação para o ajuste das contas e dos investimentos estaduais.
Por enquanto, o governo vem tocando com certo equilíbrio o Estado por meio da arrecadação própria, mas sem grandes iniciativas. As questões principais como o melhoramento das estradas existem apenas nos anúncios e nas falas de representantes do governo nos canais de televisão. Na prática trechos de rodovias em vários cantos do Piauí estão intrafegáveis e sem perspectivas de melhorias.
Nesta greve onde os policiais civis conseguiram um reajuste, apesar de escalonado, o Estado vai ter que suar a camisa para desembolsar cerca de 17 milhões que serão repassados aos PMS. De acordo com próprias informações do governo é um aumento substancial e provalvelmente será retirado de algum investimento. Infelizmente o nosso Piauí vive apenas das expectativas de sucessivas eleições.
Jânio Holanda - Jornalista