Pesquisadores responsáveis pela criação do Software EpHLA |
O Software EpHLA, de autoria do Professor Dr. Luiz Claudio Demes da Mata Sousa e Professora Dra. Semíramis Jamil Hadad do Monte, tendo como colaboradores o Prof Dr. Adalberto Socorro da Silva e o graduando de medicina Herton Luiz Alves Sales Filho foi premiado como o melhor trabalho científico apresentado na área de Histocompatibilidade no XII Congresso Brasileiro de Transplante de Órgãos. O evento aconteceu em Belém de 01 a 04 de outubro deste ano.
Vale ressaltar que a equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) também apresentou o software na Conferência de HLA Matchmacker, na cidade de Pittisburgh, nos Estados Unidos. O software EpHLA permite que pesquisadores do mundo inteiro decidam sobre a possibilidade da realização de transplantes de maneira mais rápida e eficiente.
A pesquisa para o desenvolvimento do software foi derivada do projeto de doutorado do Professor Dr. Luiz Claudio Demes da Mata Sousa, do Departamento de Informática e Estatística. A ferramenta foi testada no Laboratório de Imunogenética e Biologia Molecular (LIB) da UFPI, que faz parte de uma rede de laboratórios para transplante de órgãos e tecidos.
Molécula HER
Segundo Dra. Semíramis Hadad do Monte, coordenadora do LIB, cada indivíduo possui uma molécula chama HLA, que é extremamente variável, ou seja, cada indivíduo tem uma molécula com formato diferente. É justamente essa molécula que vai determinar a rejeição de um órgão ou tecido na hora do transplante.
"Como o transplante de órgão é um procedimento antigo, hoje nós temos muitas pessoas transplantadas e que perderam o órgão. Eles estão voltando para receber um novo órgão, fazer novos transplantes. Elas transplantaram com uma molécula diferente, por isso os organismos delas responderam contra essa molécula", esclareceu a professora, complementando que quando esse tipo de ocorrência acontece, a pessoa transplantada está "sensibilizada para o sistema HLA", termo utilizado pelos pesquisadores.
Desafio dos transplantes
Um dos problemas para a realização do transplante é encontrar órgãos que sejam distribuídos para pessoas que estão altamente sensibilizadas para essa molécula HLA, de acordo com Semirames Jamil. Por isso, há algum tempo foi idealizado um programa que não olharia a molécula toda, mas pedaços pequenos da molécula, chamados de epítopos, responsáveis por permitir um transplante com sucesso.
"Então foi idealizado um sistema para determinar os epítopos, só que esse sistema é manual. O pesquisador deve analisar mais de 10 mil caracteres. Então isso dificultou muito a utilização desse material. Há cincos anos, nós tentamos trazer isso para usar aqui, quando sentimos a dificuldade", disse.
Validação do software
Foi então que, em parceria com o professor Luiz Claudio, o LIB desenvolveu a proposta para fazer um software com automação dessa análise. O processo para validação do software foi realizado por alunos de Biologia e Medicina que não tinham conhecimento sobre o biológico (HLA), provando que, com o tempo, mesmo pessoas com pouca experiência conseguem fazer esse tipo de análise sem erros.
Como grupo de controle, foi escolhido um laboratório em Curitiba (PR) com mais conhecimento na área. No laboratório, após os testes com o uso do programa, houve erros pequenos. "No laboratório de Curitiba as pessoas precisam de sete a 10 anos de experiência para dominar esse tipo de análise. Elas não podem fazer esse tipo de análise se não passarem por todas as áreas do laboratório. Quer dizer, ela é considerada área topo", relatou o professor Dr. Luiz Claudio.
Novos rumos para a pesquisa em transplante
Para a professora Semíramis, a grande vantagem é que com o software será mais fácil transplantar com compatibilidade de epítopos. "O transplante vinha com um paradigma que é transplantar com compatibilidade HLA. O novo paradigma é transplantar por epítetos. Só para transplantar por isso é muito difícil por causa da análise. Agora, vamos transplantar por pedacinhos, o que determinar o sucesso do transplante. E o software vai permitir essa ponte, sair do básico que a gente faz, mas não consegue aplicar", ressaltou a pesquisadora.
No Congresso nos Estados Unidos, os pesquisadores tiveram a oportunidade de apresentar o programa diversas vezes para pesquisadores expoentes da América do Norte e Europa, por conta do grande interesse pelo trabalho. Segundo os docentes da UFPI, o trabalho recebeu críticas positivas.
Segundo ainda os professores, a grande dificuldade era fazer um médico entender a análise, o que foi facilitado com a criação software. A ferramenta, a qual foi desenvolvida em inglês para facilitar a compreensão em todo o mundo, já foi registrada e patenteada, e agora tem o grande desafio de ser distribuído para fora do Piauí.
Coordenadoria de Comunicação Social da UFPI