Jânio Holanda |
Somente para refrescar as memórias de alguns que, talvez, por força da ação do tempo, costumam esquecer rapidamente de fatos ocorridos num passado não tanto distante. O assunto ao qual vou discorrer merece atenção de todos que acompanharam e/ou se envolveram direta ou indiretamente na campanha do então candidato Wilson Martins, hoje governador do Piauí, eleito pelo povo, porém escolhido por força da sua própria obstinação.
No decorrer da campanha eleitoral pelos municípios do Estado, Wilson Martins, durante seus pronunciamentos e entrevistas, afirmava que iria dá continuidade a mesma trajetória do governo de Wellington Dias. Hábil na política, Wilson sabia que naquele momento não poderia zangar a cúpula petista. Todos sabem que o PT foi um calo de sapato no período da escolha do então candidato da base.
Na ocasião os manda-chuvas do partido somente vieram a decidir por Wilson, após impor várias exigências. Entre elas, as duas vagas na suplência da candidatura de Wellington Dias ao senado e ainda marchar sozinho (sem coligação) para eleição de deputado estadual. Wilson não poderia contrariá-los, até porquê o nome de Wellington era aclamado em todo o Piauí. Significava dizer que aquele que ele apoiava venceria as eleições como realmente se confirmou.
Feito governador por conta do afastamento do titular, Wilson aceitou deixar quase todos os petistas nos cargos que ainda eram do governo de Wellington para não causar mais calundu na esfera do partido da estrela vermelha. Assim Wilson não estava se comprometendo com qualquer mudança drástica. Porém, os experts no assunto da política sabiam que Wilson estava engolindo aquele sapo apenas temporariamente, pois bastou à confirmação da vitória para ele refletir que agora o governo é dele.
Provou isso na primeira entrevista coletiva que concedeu aos jornalistas locais ao avisar que iria fazer o enxugamento da máquina administrativa e que pretendia fundir ou extinguir órgãos que serviam apenas para cabide de empregos. É natural que todo mandatário queira imprimir seu modelo de administrar. Por isso, na história política democrata brasileira, na grande maioria das vezes, sempre acontece brigas entre o prefeito/governador antecessor e o sucessor quando aliados.
Nessa história, o antecessor quer dá pitaco na administração daquele que ele acha que elegeu e o outro, com toda razão, não aceita por ter os direitos adquiridos nas urnas e assim termina em rompimento. Isso acontece porque todo gestor quer fazer muito mais do que o seu antecessor. Portanto, se o governador Wilson Martins garantir e realizar o que vem apregoando nos meios de comunicação, correrá o risco de desagradar muito peixe que se achavam graúdos nos dois governos de Wellington.
Repetindo o que meu amigo Zózimo escreveu em um dos seus bem elaborados textos, acho que, “Wilson seguramente fará jus à fama de "Trator", que adquiriu nos meios políticos. Não propriamente por ser um truculento, mas porque é determinado e tem arrojo. Nada o afasta do caminho de seus objetivos. Se fez concessões até aqui, foi porque estava enfiado até o gogó numa campanha eleitoral”.
E isso tem cabimento. O Estado está quebrado, a maioria das obras que começaram na administração do ex-governador Wellington Dias está inacabada, os investimentos do governo federal para o Piauí têm sido poucas e algumas desorganizações no funcionamento da máquina administrativa. Tudo isso, ora aqui e acolá, faz com que o governador Wilson Martins deixe escapar em palavras o porquê das dificuldades que vem encontrando para arrumar a casa.
Eis aí a questão do estremecimento entre do PT com o governador. Acostumado com as benesses do poder alguns petistas estão engolindo a saliva para permanecerem atrelado aos cargos no Estado. Nem mesmo o ímpeto do deputado Cícero Magalhães em desafiar o governador encorajou os demais para um possível rompimento. Portanto, percebe-se que as amarras do governo Wilson Martins ao PT estão sendo desatadas na diplomacia.
Por Jânio Holanda - Jornalista