Com uma profunda
angústia no coração voltamos a repetir as palavras que escrevemos
um ano atrás (bem triste é este aniversário!) após os eventos
sacrílegos acontecidos no Santuário: “Repudiamos com firmeza e
condenamos com todas as nossas forças o gesto covarde, violento e
sacrílego com que, na noite de sábado 14 de julho de 2012, foi
violado o recinto sagrado do Santuário da Mãe dos Pobres e Senhora
do Piauí. Olhamos com tristeza a ação de quem derrubou, quebrou e
desprezou as imagens, colocadas neste Santuário para celebrar a
memória de Cristo e de sua Mãe Santíssima, e nasce em nós a
angústia e a preocupação por vermos o caminho de degradação e
destruição da convivência civil e responsável para qual se
encaminha a nossa juventude. Dizia Goya, já faz mais de um século:
“O sono da razão gera monstros”. É monstruoso aquilo que uma
inteligência, desprovida de valores e dominada pelas forças brutas
do instinto e da violência, unida aos efeitos das drogas e da
irresponsabilidade pode produzir.”
Novamente, nesta noite
de terça feira, 03 de julho de 2013, foi violado este recinto
sagrado do Santuário, mas nesta noite a mão sacrílega, covarde e
violenta foi direcionada, por uma mente que renuncia à sua própria
grandeza e dignidade, não mais contra as imagens artísticas que
embelezam o nossa Santuário e sim contra a obra prima e a imagem
indestrutível do próprio Deus: o ser humano. Uma menina de quinze
anos foi morta barbaramente aos pés do grupo escultóreo que
representa a Anunciação. A primeira pergunta que vem à mente é
esta: “Será que o poder do mal é tão profundo e poderoso, neste
nosso tempo, ao ponto de tornar ineficaz até a presença daquele que
se fez próximo para nos trazer o próprio Amor de Deus?” Olhar com
angústia e horror para este acontecimento não é mais suficiente!
Precisa retomar a coragem para uma presença que saiba propor
novamente aquela novidade que Jesus Cristo testemunhou até o fim: o
respeito, a valorização, a afeição para cada pessoa reconhecida e
acolhida na sua inviolável dignidade de filho de Deus!
Assim, enquanto
manifestamos nossa solidariedade e proximidade para com a família
desta jovem vítima da absurda violência, renovamos a firme
reprovação destes eventos e solicitamos também a resposta dos
poderes públicos para que sejam garantidas, nesta nossa cidade, as
condições para a segurança e o restabelecimento dos direitos
fundamentais da convivência civil.
Enfim, não podemos
esquecer o gesto fundamental da nossa fé, a Oração, como sufrágio
e, ao mesmo tempo, como pedido ao Cristo e a nossa Senhora para todos
que estão envolvidos neste trágico acontecimento.
Ilha Grande, (PI) 03 de
julho de 2013.
Pe Vittorio Ferrari
Pároco da Paroquia de
Nossa senhora da Conceição e Vigário Geral da Diocese de Parnaíba