16 de maio de 2008

Como vai a educação piauiense?

Artigo de autoria de Alborino Teixeira da SilvaProf°. da Rede Estadual de Ensino do Estado do PiauíU. E. Wall FerrazBairro Água Mineral

O cenário da educação em Teresina e no Piauí não difere do restante do país e está, acima de tudo, reduzido a um mar de incertezas, inverdades, desorganização e enganação. Fatos como o desinteresse, a desmotivação, a indisciplina, a evasão escolar e a violência estão dentro do bojo da escola pública, deixando os profissionais da educação sem tranqüilidade para trabalhar e ensinar.

No campo da gestão do sistema escolar público estadual do Piauí percebe-se o equívoco constante de uma série de arranjos no gerenciamento da educação sem se preocupar em ir ao cerne da questão e apontar soluções efetivas a curto, médio e longos prazos para a problemática educacional piauiense. A sensação é de que a Secretaria de Educação do Piauí não conhece a realidade das escolas de sua rede, gerando desmotivações constantes de professores, alunos, pais e da sociedade que esperam um mínimo de educação pública de qualidade a seus pares.

O gestor maior da escola pública estadual piauiense até que consegue planejar alguns arremedos de política educacional, mas não consegue ter competência administrativa para executar o pouco que se tem planejado. Há uma longa lista de procedimentos estrategicamente incorretos no gerenciamento de práticas e atitudes pedagógicas estranhas e desmotivadoras.

Diga-se, ainda, que a Secretaria Estadual de Educação do Piauí tornou-se um laboratório mal aparelhado para experimentar antigas fórmulas no manuseio do ensino-aprendizado. Os novos tecnocratas da educação no Piauí se transverteram em pedagogos do nada, do não sei o quê. Eles reúnem-se 24 horas e não são capazes de criar instrumentos para motivarem os trabalhadores da educação e alunos cada vez mais ávidos do aprendizado com cidadania. Falta competência a estes burocratas de plantão limitados que só exergam a educação na atual conjuntura como espaço para capacitações estranhas a cada semana, sem gerenciar os graves problemas que ela reflete na estrutura escolar. Eles, também, para demonstrarem que estão preocupados com o que resta de educação procuram saídas nas cartilhas neoliberais e mercadológicas, reduzindo o processo ensino-aprendizagem a mercadoria imposta pela mais valia do capitalismo. Aqui cabe uma crítica veemente a política do “ranking” para medir competências escolares como se a educação fosse somente qualificação/competência/mais-valia. Os gestores/tecnocratas da educação piauiense/brasileira tentam enclausurar as suas debilidades administrativas e gerenciais em saídas baseadas em políticas que privilegiam o estado mínimo/as responsabilidades sociais mínimas/a educação mínima para atender a demanda do capitalismo neoliberal, tão em voga ainda em nosso meio, abrindo caminhos para que no futuro próximo o ensino público passe para a iniciativa privada e deixe definitivamente de ser responsabilidade do Estado.

Acredita-se que o maior problema da educação hoje não seja a qualificação dos profissionais envolvidos nela e sim os salários miseráveis pagos a professores/professoras e outros profissionais pelos gestores. Fora isso, no Piauí, a rede estadual de ensino ainda amarga no mês de Maio a carência de vários professores na sala de aula, quebrando a seqüência normal do aprendizado de crianças e adolescentes pela burocracia governamental e pela falta de capacidade dos gestores públicos colocados a frente da educação.

Criar as condições de trabalho para o exercício pleno do ensino-aprendizagem deve ser o norte de todas as políticas públicas para a educação. Mas o que se ver no Piauí é um abandono das condições mínimas de trabalho no ambiente escolar público, onde se percebe apenas a política do “falta tudo”: professores, bons salários, carteiras, pincéis, livros didáticos, escolas limpas, projetores, papel, ventiladores etc em detrimento de uma mídia falsa que proclama este governo como do desenvolvimento.

Por fim, ainda há de se comentar uma falta de respeito ao magistério piauiense pelo descaso na implantação do plano de cargos e salários pelo “governo do desenvolvimento” e, agora, pela falta de respeito a uma categoria historicamente condutora dos avanços da sociedade, oferecendo uma proposta irrisória de aumento salarial.

Fica, também, patente que o “Governo do Desenvolvimento” tem macaqueado a educação do Piauí com os mesmos descasos dos governos anteriores e postulações equivocadas no trato com os profissionais inseridos no contexto educacional deste Estado.

Diante das ponderações, resta aos profissionais da educação piauiense o papel histórico de serem condutores de mudanças concretas na melhoria das condições profissionais e de trabalho. Para isso torna-se necessário ficar atentos através da militância sindical e de uma vigilância social para combater as estratégias equivocadas e prejudiciais dos gestores educacionais contra os trabalhadores e a educação como um todo. Agindo assim os educadores deste Estado resistirão a qualquer tentativa de enganação e desrespeito contra direitos inalienáveis da sociedade.