8 de junho de 2009

A ingratidão tira a afeição II

Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda

Na semana passada, tratei sobre o tema acima neste mesmo espaço. Na ocasião, o protagonista principal do assunto fôra o senador Mão Santa, que segundo comentários, estaria sendo isolado do PMDB pelos seus próprios discípulos que, desde já, tentam inviabilizar a sua candidatura à reeleição para o senado da república. Desta vez, fato parecido está acontecendo com o ex-governador Hugo Napoleão, do DEM.

Apesar de ter perdido o rumo desde quando o próprio Hugo Napoleão foi apeado do poder, derrotado pelo atual governador Wellington Dias, o partido segue emaranhado em telhas de aranhas e sem meios de desvencilhar-se com facilidade. Primeiro colocaram o presidente da Fecomércio, Valdeci Cavalcante na presidência da sigla. O mesmo, aos troncos e barracos até que tentou organiza-la, mas não contava com as malícias dos caciques que ainda predominam dentro da agremiação. Resultado: esforço em vão e a saída foi pedir o boné e ir embora.

Agora sob o comando do ex-suplente e agora deputado federal Mainha, cria do senador (Heráclito Fortes) - hoje o peso-pesado da sigla – ao invés de introduzir um realinhamento do partido, não: segue os mesmos passos dos presidentes anteriores a Valdeci Cavalcante. Teleguiado por Heráclito Fortes, o jovem presidente tem excluído a maior liderança do partido, o ex-governador Hugo Napoleão. Este, por sua vez, veio a público pela primeira vez, externar o sentimento de contrariedade num canal de TV local.

De acordo com Napoleão, que segundo ele, é convidado para as diversas reuniões e encontros do partido em nível nacional, estaria sendo escanteado aqui no Piauí por aqueles que fazem parte do atual diretório. Hugo Napoleão disse que fez uma solicitação de participação de apenas 30 segundos nas vinhetas do partido que estão indo ao ar em horários concedidos pela justiça eleitoral e a mesma foi negado por Mainha.

Ora, como um partido que quer se soerguer pode ignorar uma das maiores expressões políticas do Estado e que ainda faz parte de suas fileiras? Será que existe uma trama com vistas às eleições vindouras? Será que o atual presidente Mainha teme perder o lugar na Câmara Federal para Hugo Napoleão? A pergunta fica no ar para os analistas do meio político local fazerem as suas análises.

O próprio PT, que ficou conhecido com a marca da radicalização, não pensa mais assim. Hoje, o partido da estrela vermelha já se articula no Estado para ampliar o número de cadeiras na Câmara Federal. Para isso, vem preparando nomes desde já. Então, por que o DEM não seguir a mesma idéia? Diante dos fatos, volto a repetir a frase deste pensador: "Como a história humana é parte da história da natureza, coloca-se a questão da ‘ética da sobrevivência’ já que quase todo ser sobrevive às custas da desgraça ou morte alheia”. (CI, 294).