2 de outubro de 2009

Mão, máquina espetacular!?

“Mãos a obra”, a digitação e a leitura deste texto, seriam improvável sem utilização das mãos. Órgãos bilaterais, presente em várias espécies, com maior grau de desenvolvimento nos hominídeos. “O próprio ato de pegar o osso fossilizado de 375 milhões de anos é possível graças ao Tiktaalik. Afinal, esse peixe que habitou a região que hoje é o Ártico canadense foi, por assim dizer, o inventor daquilo que se transformaria nas mãos e nos pés dos seres humanos.

Antes dele, tudo o que havia nos animais eram nadadeiras. O Tiktaalik roseae criou as patas”. (CLAUDIO ANGELO, enviado especial da Folha de São Paulo a Chicago, pub em 26/06/2009). Estruturas muito complexas e elaboradas, possuem talvez a maior capacidade construtiva de todos os tempos, perdendo talvez, para as modificações realizadas pela natureza.

A função básica da mão consiste na preensão, no entanto, como órgão altamente especializado, exerce inúmeras atividades. Alcançar, estabilizar, ampliar movimentos, adequação da força muscular, pinças de ponta dos dedos, tríade e lateral, sensibilidade e percepção de objetos e superfícies, além de sentido de direção.

As mãos permitiram a utilização do crucifixo, como instrumento de tortura utilizado pelos romanos no período cristão. Como símbolo de devoção, sinalização, comunicação, avaliação de textura, formato e consistência de objetos e substâncias. As gerações modernas desenvolveram com as mãos incontáveis máquinas, para substituir estes maravilhosos órgãos, porém, ainda não se conseguiu algo que consiga atingir tal objetivo.

Na medicina moderna, a criatividade e a “tecnologia”, com suas espetaculares máquinas de: radiografias, ultrassonografias, cintilografias, tomografias, mamografias e ressonâncias nuclear magnética, têm tentado inibir as atividade e o poder funcional das velhas mãos.

Uma mão bem treinada consegue noventa por cento de um diagnóstico e direciona para alguma complementação com uma boa margem de acerto. No entanto a modernização está afastando as mãos humanas dos seres humanos. Parece que o “tira as mãos de mim”, “não ponho minhas mãos ai”, “lavo minhas mãos”, tem tido mais sentido do que a palpação, o toque, manobras manuais, percussão e mobilização passiva dos membros examinados.

Os testes manuais, de sensibilidades, de reflexos além de outros, foram violentamente substituídos pelos exames laboratoriais, o mais grave, com a cumplicidade de todos; examinadores e examinados. Chegamos ao absurdo de receber nos consultório aquele doente com uma “sacola plástica” repleta de exames dizendo: “doutor vim aqui para que veja meus exames, pois ai diz tudo”.

Então, o absurdo continua, pois o “atordoado” doutor cumpre seu papel, e ver todos os exames e segue aqueles relatos, seja lá o que tenha escrito. A mão, então, pega apenas na caneta, para aumentar o volume de fármacos (remédios), na promessa de solução do problema.

Uma “mãozinha” serena, calma, experiente, amável e tecnicamente treinada, é, insubstituível. Levanto as mãos para céu, e peço a Deus que logo possamos mudar nossos modelos de prestar assistência aos nossos semelhantes, e convido a todos que nos demos às mãos, formando uma grande e indestrutível corrente, repleta de amor e paz.

Dr. José Osvaldo
Médico Ortopedista