11 de abril de 2010

Sucessão: o dilema de Wilson

A indecisão do então governador Wellington Dias em lançar o candidato da antiga base aliada está rendendo maus frutos para o seu próprio partido, o PT. Agora, sujeito às ordens de outro patrão, o partido corre o risco de não ter sequer um candidato a vice-governador, como mostra as circunstâncias atuais.

Se tudo ocorresse de acordo com o pensamento das lideranças petistas que tinham no líder maior da agremiação, o ex-governador Wellington Dias, a esperança de ele comandar a sucessão tudo estaria diferente. No entanto, passada a chave do cofre para o vice-governador, hoje governador Wilson Martins, as coisas surtiram efeito contrário.

Dono da caneta e sucessor natural, Wilson Martins quer o partido a seu lado, mas sabe que a soma de votos - numa possível candidatura a vice-governador postulada pelo PT -, não renderia a mesma coisa se o candidato fosse do PMDB. Sobre o PTB, que Wellington Dias queria convidá-lo para indicação do vice, a carta está totalmente fora do baralho. Palavras do Pré-candidato a governador João Vicente Claudino, que mantém firme a sua candidatura ao governo.

Diante da demora do PMDB em decidir qual caminho seguirá nestas eleições, o atual governador Wilson Martins vive um dilema. A expectativa é manter o partido a seu lado. Entretanto, como atraí-lo se as próprias lideranças almejam para o PMDB a vaga de vice, já “negociada” com o PT? A saída do senador João Vicente da base aliada causou todo esse reboliço que está sendo difícil de ser resolvido.

Mas política é assim. O ex-governador Wellington Dias não quebrou a palavra, ao dizer que seu candidato seria aquele com maior aceitação popular. Então por que não lançou o senador petebista, que sempre liderou as pesquisas de opinião? Talvez esta tenha sido uma das razões da debandado do senador João Vicente Claudino da base. Há um ditado que diz: contra fatos não há argumentos. A justificativa de o Wellington Dias não apoiar o senador nunca foi explicada plausivamente.

De certo é que o senador lançou-se candidato. Tem um partido forte, e certamente vai atrapalhar o projeto, que os líderes da antiga base aliada apregoaram durante os oitos anos de mandato de Wellington Dias. Portanto, se a conjuntura permanecer a mesma do momento, o partido da estrela vermelha voltará a ser no Piauí apenas um coadjuvante, se não mudar o atual discurso.

Jânio Holanda - Jornalista