13 de agosto de 2011

Cordel Encantado do Delegado

Delegado Reinaldo Lobo
O delegado Reinaldo Lobo, da 29ª DP do Riacho Fundo - DF, resolveu inovar. Lançou mão de seus dotes poéticos cordelistas para relatar o Inquérito Policial nº 274/2011 – 29ªDP, que trata de prisão de um receptador de coisa roubada (Art. 180 do CP). Ele narrou o crime em versos de literatura de cordel, bem ao estilo da "Volante" na época do Cangaço.  A atitude inusitada do delegado-poeta não foi muito além. A Corregedoria de Polícia Civil, tão logo tomou conhecimento do assunto, exigiu a ele que refizesse o Inquérito, obedecendo as normas do padrão regular de redação oficial. Classificou a ousadia de “atecnia”. Chateado, o delegado se sentiu censurado e despido de sua autonomia funcional.

R E L A T Ó R I O EM CORDEL

Já era quase madrugada

Neste querido Riacho Fundo

Cidade muito amada

Que arranca elogios de todo mundo

O plantão estava tranquilo

Até que de longe se escuta um zunido

E todos passam a esperar

A chegada da Polícia Militar

Logo surge a viatura

Desce um policial fardado

Que sem nenhuma frescura

Traz preso um sujeito folgado

Procura pela Autoridade

Narra a ele a sua verdade

Que o prendeu sem piedade


Pois sem nenhuma autorização

Pelas ruas ermas todo tranquilão

Estava em uma motocicleta com restrição

A Autoridade desconfiada

Já iniciou o seu sermão

Mostrou ao preso a papelada

Que a sua ficha era do cão

Ia checar sua situação

O preso pediu desculpa

Disse que não tinha culpa

Pois só estava na garupa

Foi checada a situação

Ele é mesmo sem noção

Estava preso na domiciliar

Não conseguiu mais se explicar


A motocicleta era roubada

A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante

Sei que fiz esse flagrante

Desse cara petulante

Que no crime não é estreante

Foi lavrado o flagrante

Pelo crime de receptação

Pois só com a polícia atuante

Protegeremos a população

A fiança foi fixada

E claro não foi paga

E enquanto não vier a cutucada

Manteremos assim preso
Qualquer pessoa má afamada

Já hoje aqui esteve pra testemunhá

vítima, meu quase chará

Cuja felicidade do seu gargalho

Nos fez compensar todo o trabalho

As diligências foram concluídas

O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar

Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia

Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão

Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011

Del REINALDO LOBO
63.904-4

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