Jânio Holanda - Jornalista |
O PT em nível nacional
mudou a direção, mas não mudou a cara do partido. O campo
majoritário continua em todos os postos. Enquanto não dividir o
poder entre as demais correntes, o PT continuará sendo manchete,
pois sobrará crise. No Piauí, O episódio envolvendo a candidatura
da deputada Rejane Dias, entre as diversas comédias estilo pastelão
patrocinadas pelo senador Wellington Dias serviu para demonstrar aos
mortais piauienses as duas faces do partido.
Na oposição, quantas
vezes o próprio ex-governador Wellington soube provocar a Justiça
em busca de direitos e benefícios que a lei garante aos
trabalhadores. Agora só vale aquilo que interessa tão somente ao
grupo do senador? Todos sabem que a quase pré-candidatura forçada
da esposa à prefeitura de Teresina foi arquitetada por meia dúzia
de petistas.
É preciso lembrar que
o PT por ter governado o Piauí por dois mandatos pelo mesmo
governador não significa dizer que o partido seja propriedade
particular de uns poucos.
Apesar de o PT no
episódio nacional do propalado mensalão ter saído quase ileso da
crise criada não só pelos escândalos divulgados exaustivamente
pela imprensa, não quer dizer que seja eterna a sua redenção. Em
nível nacional e estadual as disputas acontecem tanto do núcleo
duro com os aliados quanto entre os próprios petistas. A crise,
diria os cientistas políticos, é endógena, originada no interior
do próprio partido.
Agora mesmo pode surgir
uma nova crise por causa desse imbróglio da eleição municipal que
se aproxima. Mesmo que o senador Wellington Dias resolveu apoiar o
nome do atual prefeito, diga-se de passagem, engolindo goela abaixo
há por trás, uma armação para ter o PTB como aliado nas eleições
estaduais que o próprio senador almeja em sair candidato do partido.
Mas isso não é problema para o PT, pois os membros vivem de embates
entre si. O problema hoje passou a ser como frear as crises.
Decerto é que o
partido deixou o assunto para segundo plano por causa da “adesão”
de Wellington a Elmano Férrer. Portanto, parece-me que a trajetória
do PT, com efeito, desde suas origens, é marcada por princípios
ético-políticos de que dão prova. Se assim é, que fatos ou
circunstâncias determinaram ou condicionaram essa mudança de
postura?
Jânio Holanda –
Jornalista