2 de junho de 2012

Esse é o PT

Jânio Holanda - Jornalista 
O PT em nível nacional mudou a direção, mas não mudou a cara do partido. O campo majoritário continua em todos os postos. Enquanto não dividir o poder entre as demais correntes, o PT continuará sendo manchete, pois sobrará crise. No Piauí, O episódio envolvendo a candidatura da deputada Rejane Dias, entre as diversas comédias estilo pastelão patrocinadas pelo senador Wellington Dias serviu para demonstrar aos mortais piauienses as duas faces do partido.

Na oposição, quantas vezes o próprio ex-governador Wellington soube provocar a Justiça em busca de direitos e benefícios que a lei garante aos trabalhadores. Agora só vale aquilo que interessa tão somente ao grupo do senador? Todos sabem que a quase pré-candidatura forçada da esposa à prefeitura de Teresina foi arquitetada por meia dúzia de petistas.

É preciso lembrar que o PT por ter governado o Piauí por dois mandatos pelo mesmo governador não significa dizer que o partido seja propriedade particular de uns poucos.

Apesar de o PT no episódio nacional do propalado mensalão ter saído quase ileso da crise criada não só pelos escândalos divulgados exaustivamente pela imprensa, não quer dizer que seja eterna a sua redenção. Em nível nacional e estadual as disputas acontecem tanto do núcleo duro com os aliados quanto entre os próprios petistas. A crise, diria os cientistas políticos, é endógena, originada no interior do próprio partido.

Agora mesmo pode surgir uma nova crise por causa desse imbróglio da eleição municipal que se aproxima. Mesmo que o senador Wellington Dias resolveu apoiar o nome do atual prefeito, diga-se de passagem, engolindo goela abaixo há por trás, uma armação para ter o PTB como aliado nas eleições estaduais que o próprio senador almeja em sair candidato do partido. Mas isso não é problema para o PT, pois os membros vivem de embates entre si. O problema hoje passou a ser como frear as crises.

Decerto é que o partido deixou o assunto para segundo plano por causa da “adesão” de Wellington a Elmano Férrer. Portanto, parece-me que a trajetória do PT, com efeito, desde suas origens, é marcada por princípios ético-políticos de que dão prova. Se assim é, que fatos ou circunstâncias determinaram ou condicionaram essa mudança de postura?

Jânio Holanda – Jornalista