A Lagoa do Bebedouro é
um atrativo natural de rara beleza, no entanto não tem sido
explorada racionalmente. Enquanto atrativo turístico não se
encontra em roteiros de visitação promovido pelas agências locais;
como área de lazer e entretenimento carece de estrutura adequada
para tal; a atividade piscícola também é desprezada. Enfim, serve
mesmo é como depósito de dejetos de toda a natureza.
Quem avista a Lagoa do
Bebedouro de longe tem a impressão de contemplar uma maravilha. Ledo
engano. Esgotos residenciais e comerciais, lixo de todo tipo, animais
mortos, óleos e graxas, são lançados para o “grande esgoto”
daquela área da cidade de Parnaíba.
Garças povoam a Lagoa.
Dando-nos a falsa impressão de beleza plena. O que poucos sabem é
que a presença destas belas aves é prenúncio de um quadro funesto:
poluição em níveis intoleráveis.
O mau cheiro que já
exala dali impressiona tanto quanto incomoda a quem se atreve a
percorrer o seu perímetro. A poluição está tornando-se
insuportável!
“Bem intencionados”
cercam, plantam e cuidam de parte da sua margem. Apropriação
indébita que transforma o bem comum em área privada. E ainda há
quem ache a iniciativa legal...
Num passado não muito
remoto o Poder Público local recebeu recursos do Orçamento da União
para “despoluí-la”. Foram maquiadas vias para pedestre,
recuperado meio-fios, construídos bares e restaurantes e plantadas
algumas mudas de plantas às suas margens. Hoje tudo desprezado. Mas,
o esgoto continua. Não se sabe o valor exato dos serviços, tampouco
como prestaram contas. Papel que a sociedade gostaria de ver exercido
pelos vereadores e divulgado para todos.
Outro dia, caminhando
em volta dela e mergulhado em meus pensamentos quisera compreender o
que leva as pessoas a se instalarem em grupos tão organizados e
distintos:
(I) os que promovem a
degradação;
(II) os que são
completamente indiferentes ao problema;
(III) os que deveriam
combatê-la e não o fazem;
(IV) e os que tiram
proveito pessoal da situação caótica (piores).
Vejo crianças, jovens,
adultos e idosos andando pelas margens da Lagoa do Bebedouro sem
constrangimento. A impressão que me dá é de nítida falta de
indignação ao problema. Parece que todos já se acostumaram com o
quadro deplorável. A poluição está banalizada. Revelando o nível
de compromisso que a própria sociedade tem com a causa ambiental. E
o Poder Público??? Ah, este tem poder e é dado por nós... Mais
nada faz!
Aonde a Lagoa do
Bebedouro pode (ria) nos levar? Discutir a sua recuperação pode ser
o eixo norteador de uma política de educação socioambiental para a
cidade de Parnaíba. A partir deste problema poder-se-ia montar uma
estratégia de gestão rumo ao desenvolvimento integrado do
município, assinalando de forma clara e consensuada o compromisso
constitucional que deve ser assumido pelo Poder Público e também
pela sociedade, visando a melhoria da qualidade de vida local, que é
o que nos falta!
Fernando Antônio Lopes
Gomes – ICMBio/Sociólogo
Especialista em Manejo
de Unidades de Conservação