12 de março de 2008

Francisco de Assis

O setor de saúde do Piauí até então considerado referência no meio norte do país tende a desabar. Não é mera coincidência, não. Mas desde quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o poder que a coisa desanda, e por um simples e único motivo: falta de ingerência. O mal começou quando o então suplente de deputado federal, Nazareno Fontelles, iniciou um ciclo administrativo desastroso à frente da secretaria de saúde.

De imediato, ele implantou métodos e procedimentos incomuns nos principais hospitais da rede pública do Estado, em unidades mistas do interior e na Maternidade Evangelina Rosa. As mudanças implicaram em regras inviáveis para a realidade dos hospitais estaduais. Destes, o mais prejudicado foi o Hospital Getúlio Vargas (HGV) - o maior do Estado - que também serve de hospital/escola, por meio de convênio mantido com a Universidade Federal do Piauí.

No HGV as gratificações por conta da condição especial de trabalho de médicos e enfermeiros foram cortadas, o valor do plantão foi diminuído e alguns direitos adquiridos dos servidores foram retirados. As medidas desagradaram, além dos profissionais da saúde, todo o quadro de colaboradores. Com isso, surgiu uma série de greves e paralisações em todos os setores do HGV.

Nazareno dirigiu a pasta por pouco tempo porque decidiu assumir a vaga deixada pela deputada Francisca Trindade, que faleceu no exercício do mandato. Reelegeu-se mas continuou ditando as regras na secretaria pondo no cargo a sanitarista Tatiana Chaves. A mesma concluiu a administração da pasta aos trancos e barrancos, enfrentando os recorrentes movimentos paredistas de médicos e residentes. Diante de tudo isso, a secretaria de saúde se tornou um dilema para o governador Wellington Dias. Quebrada financeiramente e com suspeita de envolvimento na história das ambulâncias foi dispensada pelo deputado Kleber Eulálio que é da própria área, mas não quis arriscar a carreira política por causa do caos instalado no setor.

Até a atual secretária de administração, Regina Souza, considerada a “Dama de Ferro” do PT prescindiu o cargo. No entanto, o governo escalou o seu testa-de-ferro, o bancário Assis Carvalho para exercer a função. Ele é deputado, mas é repugnado tanto pelo correligionário Nazareno Fontelles, como pela classe médica. Ex-dirigente do Detran e da Agespisa, Assis Carvalho foi acusado de malversação nos dois órgãos.

Mal começou a gestão, o novo secretário tentou tomar medidas polêmicas, como a transferência do HDIC (Hospital de Doenças Infecto-Contagiosas) para o Hospital Universitário. Não conseguiu o feito. No entanto, antes de completar um ano à frente da secretaria já surgem as primeiras denúncias de corrupção. O Ministério Público Estadual (MPE) foi instigado a investigar denúncias de fraudes dentro da secretaria de saúde após a apresentação de documentos da empresária Tânia Sampaio contra o secretário de Saúde Assis carvalho. É mole ou quer mais?

Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda