
O Estado do Piauí possui 223 municípios, dos quais, 118 deles contam com a maioria de seus eleitores não alfabetizados. De acordo com o levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Estado figura no ranking nacional na quarta colocação com 53%. É uma vergonha! Como costuma dizer o apresentado de televisão, Boris Casoy. Mas, por incrível que pareça, pelo menos até o presente momento, nenhum dos “nossos representantes” e sequer os inúmeros candidatos às eleições que se aproximam vieram a público apresentar propostas de solução para o problema.
Fatos como estes apenas expressam a verdade sobre o vício do voto de cabresto ainda existente no Piauí em pleno século XXI, e novo milênio. Para os comandantes dessa prática, os velhos caciques da política piauiense, a notícia do TSE serve de incremento para eles permanecerem predominando na política. Sem saber ler e escrever o eleitor é uma presa fácil na conquista do voto. Basta um favorzinho aqui, outro ali, e ele jura fidelidade eterna ao “patrão”.
Em viagens de trabalho por diversos municípios do Piauí pude constatar a veracidade deste fato, através de indagações com eleitores locais. A fórmula utilizada era simples: procurava saber que eram as lideranças políticas locais, em seguida tascava a pergunta: Amigo, você votou em qual candidato a deputado estadual/federal nas eleições passadas? Na maioria das respostas o cidadão ou cidadã dizia que não sabia o nome do candidato que ele ou ela tinha votado, mas respondia com veemência que havia votado no candidato de “Seu Fulano” (nome da liderança local). Segundo esses eleitores, na hora da votação simplesmente sacavam do bolso o número do candidato do “chefe” e depois copiava o mesmo na urna eletrônica e, pronto.
A imprensa noticiou o assunto enfatizando que num certo município do Estado possui cerca de 5.500 eleitores, destes apenas 1.200 são alfabetizados. Perguntamos: Um município com este poderia ter sido emancipado politicamente? Com a resposta os fazedores da lei, que são os nossos legisladores - sempre atentos aos benefícios de si próprios. Recentemente o Ideb reconheceu com boa pontuação, 54 escolas da rede pública estadual, fato comemorado pelo governo do Estado e parabenizado por todos nós. No entanto, logo em seguida vem esta má notícia sobre o analfabetismo de eleitores, oriunda do TSE.
É um alerta para os governos, nos três níveis, intensificarem as atividades do projeto de educação por um Brasil Alfabetizado, que por sinal vem sendo desenvolvido por entidades privadas e não-governamentais com bastante eficácia, alcançando índices superiores ao do próprio governo estadual, que possui maior estrutura para o desenvolvimento do programa.
Portanto, esperemos que no pleito seguinte às eleições de outubro o número de eleitores analfabetos tenha diminuido. Assim estarão sendo mortos dois coelhos com apenas uma cajadada: o analfabetismo, e a raça dos caciques políticos que se aproveitam de situações caóticas como estas.
Mudar é preciso! E ainda há tempo.