Artigo de autoria de Alborino Teixeira da Silva - professor da Rede Estadual de Ensino do Piauí
A quem diga que em função da construção do shopping da cidade e do terreno comprado pela prefeitura, acabou o drama dos camelôs. Tomara que isso aconteça, mas é difícil acreditar.
Camelô é alguém que reivindica espaço físico, acolhimento e o sagrado direito de trabalhar e tirar o sustento para viver dignamente com sua família. A rigor camelô não necessitaria de shopping e muito menos de mudar de nome de camelô para micro-empreendedor, como está sendo proposto equivocadamente por aqueles que pouco enxergam e não respeitam a cultura dos povos sofridos. Isso não passa de preconceito! A meu ver o que precisa mudar urgentemente são as péssimas condições sociais em que se encontram o povo pobre desta cidade, em particular os camelôs que há muito tempo vem sendo enxotado pelo poder publico municipal que até hoje não tem uma solução definitiva para o problema dos camelôs que migram dia e noite para defender o pão de cada dia.
Todos sabem que em um país capitalista como o nosso e outros da America latina e de outras partes do mundo, onde não há chances reais de emprego para todos, ou se vive de salário ou lucro. É ai, que começa o drama dos camelôs que passam vinte e quatro horas dia com a trouxa na cabeça empurrando carrinho com mercadoria no sol e chuva, em busca de melhora de vida.
Shopping não rima com camelô, sua alma esta permanentemente nas ruas e nos espaços físicos das grandes, pequenas e médias cidades de nosso país sempre ameaçado pelas autoridades do município e do estado. É uma alma nômade, incansável, conhecida e aceita por muita gente, sobretudo como aquele que vende quase tudo na vida e mais barato. Mexer com camelô é em parte desabrigar a cultura natural dos povos sofridos.
Penso que camelô não nasceu para se enclausurar em shopping, principalmente em companhia de patrão dono supermercado, como é o caso do carvalho que nada tem a ver com camelô. É puro oportunismo para tirar proveito nas costas dos pobres e ganhar mais notoriedade no mercado, e o pior respaldado pela prefeitura de Teresina, que há muito tempo vem com as mãos na cabeça sem saber o que fazer com os nossos irmãos camelôs, a não ser castigá-los com ações repressivas de natureza policial.