Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda
A gripe suína virou pânico no Piauí. Isso este modesto escriba pôde constatar na última quarta-feira, 16 de setembro de 2009, quando busquei assistência médica para um ente querido em dois centros de saúde da capital. Na ocasião fui primeiro a um hospital particular de referência de Teresina. Em seguida para o “Nathan Portela” - único hospital do Estado que trata de doenças tropicais.
A pessoa que acompanhava sentia os sintomas de gripe e como dezenas de outras delas que se encontravam na mesma situação, esperavam ansiosamente pelo “chamado” para atendimento no primeiro hospital (particular). Nervosas, as pessoas que ali estavam eram dividas entre, crianças, adolescentes, jovens e adultos. A maioria, claro, “gripadas” e com medo da tal gripe suína.
Do meu canto observei uma jovem impaciente andando de um lado para outro com dois aparelhos celulares ligando para familiares e amigos. Ao mesmo tempo, ela procurava consolar a irmã que se encontrava sentada nas proximidades, afagando carinhosamente os seus cabelos com as mãos. Tempo passando e nada de chegar a vez da pessoa que eu tinha levado.
Assim como a jovem dos celulares a paciência foi indo embora e sem titubear perguntei para a atendente se naquele hospital faziam o teste da gripe suína. De pronto ela respondeu: o único local que faz esse exame é no “Nathan Portela”. A resposta da moça foi ouvida por todos que ali se encontravam e o alvoroço foi total. A primeira a se manifestar foi a ansiosa jovem que cuidava naquele momento da irmã.
“Meu Deus! Tenho que ir lá agora, pois minha irmã está com os sintomas dessa gripe há mais de uma semana”, disse a jovem prosseguindo: “Ela trabalha na mesma escola que o professor”. O professor que ela se referia havia falecido em menos de dois dias. As palavras da moça me fez apressar e “correr” para o “Nathan Portela”. Lá chegando, e para minha surpresa, o caos ainda era maior que no hospital anterior.
Pessoas deitadas em bancos, “nêgo” tossindo e espirrando em cima do outro. Enfim, todos esperando a chegada de uma bendita enfermeira que segundo um funcionário que anotava os nomes das pessoas estava ainda para chegar. De repente, ouço atrás de mim uma voz que já tinha se tornado familiar. Era a jovem dos celulares, azeitando sua irmã numa cadeira e ao mesmo tempo ligando para alguém aviando que já estava no “HDIC”.
De repente, uma pessoa comentou que o resultado do tal exame só saia dentro de 15 dias, pois o material seria analisado na cidade de São Paulo. Não. Não é possível, disse cá com meus botões. Não vou ficar aqui mais nem um minuto, pois além dessa enfermeira não chegar nunca, ainda esperar 15 dias. Absorto nesses pensamentos, fui alertado por quem acompanhava chamando-me para ir embora.
O sinal foi positivo, apenas sugeri que ela ao chegar em casa fizesse um bom asseio, isolasse as roupas que vestia naquela noite e rogar a DEUS para que tudo aquilo não passasse de um susto. Quanto à jovem dos celulares, fiquei apenas com a lembrança do seu semblante sofredor preocupada com a querida irmã. Sobre o atendimento do “Nathan Potela”, me fez lembrar a frase sempre repetida por um apresentador de TV local que diz: “POBRE SOFRE”!