28 de setembro de 2009

Piauí está de luto: morre o deputado federal Alberto Silva

Morreu em Brasília, na madrugada desta segunda-feira (28), o deputado federal Alberto Silva, 91 anos. Ele se encontrava doente há vários meses, na luta contra o câncer na próstata. Seu estado de saúde piorou nos últimos dias. Ontem, domingo, ele foi internado em hospital em Brasília para fazer uma endoscopia, tendo problemas com infecção pulmonar. A família vai providenciar seu traslado para Teresina e sepultamento ocorrerá em Parnaíba.

O deputado federal Alberto Silva faria 92 anos no dia dez de novembro próximo. Ele deixa viúva Dona Florisa Silva. Ele tinha oito filhos: Marcos, Carolina, Patrícia, Cláudio, Juliana (recentemente falecida), Paulo, Suzana e Maria Lúcia.

Com sua morte, quem assume a cadeira na Câmara dos Deputados é o primeiro suplente, Themístocles Sampaio Pereira.

O político mais completo do Piauí em todos os tempos

Filho de João Tavares da Silva e de Evangelina Rosa e Silva era engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de Itajubá, foi engenheiro-chefe dos Serviços de Transportes Elétricos da Estrada de Ferro Central do Brasil no Rio de Janeiro entre 1941 e 1947.

Filiado a UDN, foi eleito Prefeito de Parnaíba em 1948 e deputado estadual em 1950, renunciando ao mandato após ser nomeado diretor da Estrada de Ferro de Parnaíba (1951/1953). Eleito prefeito de Parnaíba pela segunda vez em 1954, retornou à direção da respectiva estrada de ferro em 1960. No ano seguinte foi nomeado diretor-técnico da Companhia de Força e Luz de Parnaíba e depois passou a residir no Ceará onde dirigiu a Companhia de Eletricidade do Ceará (1962/1970) nos governos de Parsifal Barroso, Virgílio Távora e Plácido Castelo.

Em 1970 retornou ao Piauí e foi indicado governador (ARENA) pelo presidente Emílio Garrastazu Médici numa ação onde foram preteridos o Coronel Stanley Batista e Bernardino Viana, este último vinculado a Petrônio Portela. Ao deixar o Palácio de Karnak em 1975, coordenou o Programa de Desenvolvimento Industrial e Agrícola do Nordeste (Polonordeste) e em 1976 foi nomeado presidente da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU). Numa das mais renhidas disputas eleitorias da história do Piauí foi eleito primeiro suplente do senador Dirceu Arcoverde em 1978, sendo efetivado em março de 1979 após a morte do titular. Findo o bipartidarismo ingressou no Partido Popular e logo depois no PMDB em razão da incorporação entre as duas legendas decidida em convenção nacional no ano de 1981.

Em 1982 perdeu a eleição para governador do Piauí para o deputado federal Hugo Napoleão obtendo sucesso em 1986 quando foi eleito com o apoio de seus antigos adversários do PDS derrotando Freitas Neto. Após deixar o governo foi candidato a Prefeito de Teresina em 1992 numa eleição vencida em primeiro turno por Wall Ferraz que fora seu candidato a governador dois anos antes. Em 1994 foi eleito deputado federal e, em 1996, perdeu em segundo turno em mais um pleito para a prefeitura de Teresina, desta vez para Firmino Filho. Em 1998 foi eleito senador tendo na sua primeira suplência seu filho Marcos Silva e em 2004 foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Conselho da República sendo eleito em 2006 para o seu segundo mandato de deputado federal.

Derrotado por uma ampla coligação oposicionista em 1986, o PFL reaglutinou suas forças e nisso seus maiores líderes foram aquinhoados com cargos no Governo Federal: dias antes da posse do novo governador, o Ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães nomeou Freitas Neto presidente da TELEPISA (Telecomunicações do Piauí S/A) e em outubro Hugo Napoleão foi escolhido Ministro da Educação do Governo Sarney. Assim os pefelistas elegeram o maior número de prefeitos e vereadores em 1988 enquanto Alberto Silva enfrentava forte oposição interna ao se opor à candidatura de Heráclito Fortes para prefeito de Teresina, o que fomentou uma dissidência partidária liderada pelo professor Raimundo Wall Ferraz. Nas eleições presidenciais de 1989 a maioria das lideranças políticas do estado cerrou fileiras em torno da candidatura de Fernando Collor à Presidência da República, caminho seguido também por Silva.

Alheios à crise peemedebista Chagas Rodrigues, Paulo Silva e José Reis Pereira se filiaram ao PSDB sendo seguidos por Wall Ferraz em 1990. Este último logo se recompôs com Alberto Silva dele recebendo apoio para se candidatar ao governo, porém sua derrota em segundo turno diante de Freitas Neto sepultou as pretensões de ambos. Reforçados pelo prefeito Heráclito Fortes, os aliados de Freitas Neto fizeram de Lucídio Portela senador e elegeram sete deputados federais e dezesseis estaduais ao passo que os "wallistas" elegeram três deputados federais e treze estaduais. Já os petistas sacramentaram Nazareno Fonteles o primeiro dos seus com assento na Assembléia Legislativa ao passo que o PMN apresentou Francisco Macedo como candidato a governador.

PortalAZ
Foto: Gilson Brito