26 de outubro de 2009

Agricultores piauienses conhecem experiências agroecológicas no Ceará


Um grupo de agricultores da região de Sigefredo Pacheco e Castelo do Piauí, municípios beneficiados pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil), participaram de um intercâmbio para a troca de experiências com agricultores do sertão do Ceará. Além de conhecerem quintais produtivos, tecnologias de captação de águas e roças orgânicas, o encontro serviu para que os agricultores trocassem experiências de convivência com o semiárido.

A visita foi realizada nas comunidades Boqueirão e Sítio Bueno, no município de Iraúçuba no Ceará e foi acompanhada pela Cáritas Regional do Ceará, Unidade Gestora Territorial responsável pelo desenvolvimento do P1+2 naquela região. Os agricultores piauienses ficaram encantados com o quintal produtivo de Seu Antônio e Dona América, mãe e filho que estão transformando a forma de se trabalhar a agricultura na comunidade Bueno.

A família foi contemplada com o projeto “quintais produtivos” e desenvolve em sua área o sistema de Agrofloresta como técnica alternativa de uso da terra. Neste sistema a mata nativa é preservada, mas na área também são plantados outros tipos de culturas, como plantas frutíferas. A água utilizada pela família vem de tecnologias como tanque de pedra que armazenam a água das chuvas para serem usadas no período mais seco do ano.

De acordo com Seu Antônio, um dos idealizadores do projeto, todo plantio é feito sem uso de agrotóxico, sem queimadas e com adubação orgânica. O agricultor diz que o respeito à natureza é o principal lema da comunidade, por isso a preocupação com a conservação do solo “não usamos agrotóxicos, usamos os adubos orgânicos feitos a partir da decomposição de palhas, estercos e outros resíduos. A utilização destes produtos aumenta a vida do solo e deixa as plantas muito mais bonitas”, explica.

Os piauienses visitaram ainda, as famílias da comunidade Boqueirão que há cinco anos trabalham com a produção Agroecológica. Lá eles conheceram o Sistema de Produção em Mandala. Imitando o sistema solar, os canteiros são circulares e ficam ao redor de um tanque com as artes de madeira, onde fica concentrado a água. Na Mandala não se usa veneno e o adubo usado no plantio é bem natural, esterco de patos, gansos e peixes que vivem em redor ou dentro do tanque, bem no meio do cultivo.

Os agricultores viram ainda a barragem subterrânea, onde é utilizada a técnica de barramento do fluxo de água que corre abaixo da superfície e as Casas de Mel e de Sementes. Para o agricultor Raimundo Pinheiro da comunidade Picos em Castelo do Piauí, a Casa de Semente seria uma solução para a falta de sementes na sua comunidade, “se a gente tivesse essa casa, não precisaríamos comprar sementes quando faltasse e nem perderíamos as sementes nativas da nossa região”, diz.

Da visita o agricultor Chico Sinhara, da comunidade Raposa também em Castelo do Piauí, diz ter aprendido mais sobre a importância de se cuidar bem do solo, “não minto que queimava a terra, que usava veneno, mas isso porque eu não sabia outra forma de cultivar a terra, hoje não tenho como dizer que não existe porque eu vejo outros companheiros que trabalham dessa forma por isso eu estou mudando”, afirma.

Por Paula Andréa
Fotos: Paula Andréa