21 de outubro de 2009

A existência do Bairro Campos

Os anais da história no ano de 1699, registram que através do parecer do Conselho Ultramarino em 07/01 e Resolução de 12/01, bem como, das Cartas Régias datadas de 08/01 e 18/01, reiteradas por outra C.R. de 05 de setembro do mesmo ano, o governador de Pernambuco foi autorizado a determinar ao Capitão–Mor do Ceará, que examinasse a foz do rio Parnaíba, informando as qualidades dos ancoradouros existentes, a profundidade do mar, a largura das barras, a capacidade de fortificação e a conveniência em serem implantadas povoações nesses locais.

A partir daquele ano , a coroa portuguesa passou a buscar meios de ocupação ordenada na região próxima a foz do rio Parnaíba, quando Leonardo de Sá e outros desbravadores solicitaram terras às margens do Parnaíba. Naquela época, os vales dos rios que integram a bacia do Baixo Parnaíba, já estavam ocupados por vaqueiros vindos da Bahia e Pernambuco.

Em conseqüência da criação de gado na região, o rico sertanista e empreendedor baiano Coronel Pedro Barbosa Leal, iniciou no Sítio das Barcas a exploração econômica da salga de carne e curtição prévia da courama bovina. Para esse feito, nomeou como seu representante, o pernambucano João Gomes do Rego Barros, que passou a ser o Capitão-mor da Vila Nova da Parnaíba, surgida dos primeiros fogos (moradias) existentes às margens do Igará, braço do rio Parnaíba. Essa localidade teve como patrona religiosa Nossa Senhora do Monserrathe , santa de devoção do seu fundador, que para o seu culto solicitou e obteve a autorização em 11 de junho de 1711, para erigir a igrejinha ainda hoje existente na rua Duque Caxias, na área do Porto das Barcas.

Assim surgiu a Parnaíba de hoje, que antes de ser elevada a categoria política de cidade em 14 de agosto de 1844, foi instituída como Vila de São João da Parnahiba em 18 de agosto de 1762, após a autonomia da Capitania de São José do Piauí.

O Porto das Barcas era , como até hoje , o centro da cidade de Parnaíba.

O BAIRRO CAMPOS EXISTE DESDE ESSE TEMPO!

Essa afirmativa consolida-se quando o famoso escritor Humberto de Campos Veras, que em Parnaíba viveu a sua infância, escreveu o capítulo XXVI , sob o título “Duas Impressões” no seu livro MEMÓRIAS , o seguinte trecho : “ Antes de irmos para a nossa casinha dos CAMPOS, construída com os quatro ou cinco contos de réis que restavam da herança de meu pai, e que foi levantada em um terreno junto àquela em que moramos em 1895, quando aqui chegamos ... ”

Essa casa ainda existe na área, hoje, considerada como centro da cidade. É que após a construção da Estrada de Ferro Central do Piauí, o bairro Campos ficou situado do outro lado da linha férrea, até quando há alguns anos, no período da santificação dos nossos bairros, os nomes tradicionais como Tucuns, Coroa, Campos, Macacal e Guarita foram jogados ao largo e a área dos Campos passou a integrar o bairro São Francisco da Guarita, fato que muito revoltou os seus moradores.

Entretanto, quando da gestão do então prefeito Antonio José de Moraes Souza, através da Lei nº 1650, de 2 de dezembro de 1998, o bairro Campos voltou a existir, ficando resgatada assim, a auto estima e a tradição dos seus moradores.

Mas, até os dias de hoje, algumas instituições privadas e públicas municipais, estaduais e federais insistem em situar o bairro Campos como São Francisco da Guarita, embora já em boa hora, sabe-se que a atual administração municipal está tomando as devidas providências no sentido de regularizar a denominação de bairros e logradouros da cidade.

Por Vicente de Paula Araújo Silva - "Potência"