31 de agosto de 2010

Contagem regressiva, Parnaíba 300 anos

No dia 11 de junho passado houve uma sessão solene na Câmara Municipal de Parnaíba, alusiva à data comemorativa aos 299 anos do inicio do primeiro povoamento de Parnaíba em 1711, que foi a “Vila Nova de Nossa Senhora de Montserrat”. Os convidados foram recebidos em frente à Câmara, pela Banda de Música Municipal. Ali compareceram alunos da rede pública, membros da sociedade, a imprensa, o vice-prefeito Florentino Véras, a secretária de cultura Fátima Carmino, representando o prefeito José Hamilton, além da metade dos vereadores da Casa.

Naquela ocasião foi entregue aos vereadores, um Projeto de Lei da Prefeitura, que visava o registro das três datas da história da Parnaíba: 14 de agosto de 1844, 18 de agosto de 1762 e 11 de junho de 1711. Esse projeto foi aprovado em Plenário e sancionado pelo prefeito no dia 18 de agosto.

Considero alvissareiro esse evento porque, 18 de agosto e 11 de junho --- datas de fundamental importância para o total reconhecimento da história da Parnaíba --- sempre estiveram ausentes das discussões estudantis e da sociedade. Reverenciar o 11 de junho de 1711 é a maneira mais do que justa, de resgatar de vez a rica história da nossa invicta Parnaíba. A data da elevação da “Vila de São João da Parnahyba” à categoria de cidade é apenas um fato a ser registrado, e só. Porém a data do inicio do primeiro povoamento, essa sim é a data mais importante a ser festejada. A propósito, por ocasião do “Salão do Livro de Parnaíba” --- SALIPA tive a oportunidade de conversar com o renomado historiador e professor da UFPI em Teresina, Fonseca Neto. Na verdade ele nada sabia sobre o 11 de junho, mas enfatizou que não entende por qual motivo, Parnaíba ao longo do tempo, em vez comemorar seu aniversário, na data emblemática da instalação da Vila de São João da Parnahyba a 18 de agosto de 1762, comemora a data em que a vila transformou-se em cidade em 1844. Data esta que segundo o professor, não tem nenhuma relevância, visto que, ao ser instalada a vila foi criado o município, com emancipação e autonomia, inclusive com o “Senado da Câmara”, “Juiz de Fora” e o “Pelourinho”. Em sendo assim, Parnaíba não foi emancipada em 1844 e sim em 1762. Enfatizou o professor.

É por isso que, inteligentemente as cidades que outrora, como vilas originaram o Piauí: Campo Maior, Jerumenha, Parnaguá, Castelo e Valença, comemoraram este ano, 248 janeiros. Parnaíba, portanto, também vila original está na contramão da história. Oeiras, recentemente resgatou a data do Povoado de 1695 que antecedeu à Vila da Mocha criada em 1712. Pelo exposto tenho plena consciência de que esse é ainda um longo caminho a ser percorrido. Há muito tempo tentamos mostrar que Parnaíba há de corrigir esse erro histórico. Assim como fez a Matriz de Nossa Senhora da Graça que, este ano num ato de coragem, assumiu suas origens, ao divulgar e promover enfaticamente os seus 240 anos.

Vale ressaltar que, em outubro de 2007 houve uma “Audiência Pública” na Câmara Municipal, requerida pelo defensor público Marcos Siqueira, Diderot Mavignier, Regis Couto, Mário Pires e Fábio Muálem, com o objetivo de levar esse assunto para a comunidade. Naquela ocasião compareceu representando o prefeito, o então “secretário de cultura” Arlindo Leão.

Considero o projeto sancionado pelo prefeito, o início de um processo. No entanto, certamente de nada valerá a sua iniciativa se no próximo 14 de agosto, continuar a exaltação institucional e midiática à inexpressiva data da cidade. Ademais, esse resgate só será possível, com a anuência e a boa vontade do prefeito José Hamilton, declarando oficialmente aberta, a contagem regressiva para os 300 anos de Parnaíba a 11 de junho de 2011.

Ressalto ser essa, uma oportunidade única, porque, por motivos óbvios, o prefeito e a nossa geração não vivenciaremos o próximo centenário.

Por Mário Pires Santana - mariophb@yahoo.com.br