11 de agosto de 2010

Fórum Piauiense debate políticas públicas e desenvolvimento no Semiárido

Além das ações do Fórum nos últimos anos e anúncio dos recursos disponíveis para 2010-2011, os participantes discutiram ações de desenvolvimento e impactos destas no meio ambiente.

O evento "Água, Liberdade, Cidadania e Segurança Alimentar" promovido pelo Fórum Piauiense de Convivência com o Semi-Árido reuniu na ultima terça-feira na Obra Kolping Estadual do Piauí a sociedade civil organizada, representantes de Secretarias Estaduais, Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), candidatos ao Governo, comissões municipais e beneficiados, membros de comunidades quilombolas e imprensa. Entre outros temas foram apresentados ações das entidades que compõem o Fórum nos últimos anos e anunciados recursos disponíveis para 2010-2011, os participantes discutiram ainda ações de desenvolvimento e impactos destas no meio ambiente.

O coordenador executivo do FPCSA, Carlos Humberto Campos apresentou as ações do Fórum nestes 10 anos como integrante das entidades que formam a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA-BRASIL). De acordo com Carlos Humberto desde o início das ações dos Programas de Formação e Mobilização Social Para a Convivência com o Semiárido foram investidos no Piauí aproximadamente 60 milhões de reais. Apenas no Programa Um milhão de Cisternas Rurais (P1MC) de 2000 a 2010 foram construídas 26.257 cisternas caseiras (16 mil litros), foram 135.810 pessoas diretamente atingidas em 124 municípios piauienses, um total de 5,2 milhões de reais investidos somente no Piauí.

Já com o Programa Uma Terra e Duas Águas o (P1+2) de 2007 a 2010 foram construídos 786 implementos atendendo 1.335 famílias beneficiadas com cisternas calçadão, tanques de pedra, BAPs e Barragens Subterrâneas, um total de investimento de 7,7 milhões de reais.

Agora através da parceria FPCSA, ASA Brasil, Cooperação Espanhola, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), já estão garantidos recursos para a construção de 4.255 Cisternas Caseiras, 56 Cisternas nas escolas públicas, 142 Cisternas Calçadão, 802 famílias mobilizadas e capacitadas para a boa gestão da água, 09 capacitações de professores e gestores públicos.

Além das construções serão estimulados a realização de Fundos Produtivos Solidários entre as famílias que já foram beneficiadas pelo P1+2. Serão adquiridos 48 caprinos, 315 aves e 3.000 mudas para reflorestamento que deverão ser rotacionadas entre as famílias. No encontro os participantes ouviram depoimentos de beneficiados dos Programas P1MC e P1+2 e suas experiências e expectativas.

O encontro também foi marcado com debates sobre os impactos de projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um plano do governo federal que visa estimular o crescimento da economia brasileira, através do investimento em obras de infraestrutura. A professora doutora da Universidade Federal do Piauí, Sueli Rodrigues, que iniciou o evento com uma análise sobre conjuntura do semiárido piauiense, criticou as ações do PAC alegando que as mesmas são também geradoras de problemas ambientais e para agricultura familiar.

A representante das Comunidades Quilombolas, Maria Rosalina, falou da importância do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, não somente pelos trabalhos com as cisternas mas pelo conjunto, trabalho de conscientização política, social e gênero, mas ressaltou também a necessidade de avanço e continuidade destes trabalhos.

O Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido (FPCSA) é uma articulação de organizações da sociedade civil, que atua em prol do desenvolvimento social, econômico, político e cultural do semiárido brasileiro. O FPCSA foi criado em 1990, como Fórum da Seca com o objetivo de discutir políticas de enfrentamento dessa problemática. Em 1997 a rede foi rearticulada a partir de um novo olhar, quando recebeu a denominação de Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido. A partir daí se configura a missão de materializar os sonhos de centenas de pessoas que acreditam no seu potencial e querem melhorar as condições de vida na região.

Por Paula Andréas