1 de abril de 2011

Seminário avalia programa de Contenção das Dunas da Lagoa do Portinho

Dunas da Lagoa do Portinho / Foto: Gilson Brito
Os resultados obtidos com o Programa de Contenção das Dunas da Lagoa do Portinho foram avaliados nesta sexta-feira (01/04), no Sesc Parnaíba, durante a realização de seminário, promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMAR, em parceria com a Consultoria e Planejamento – Consplan. O evento que faz parte das atividades comemorativas ao Dia Mundial da Água 22 de Março reuniu representantes de vários órgãos envolvidos no projeto.

O Programa de Contenção das Dunas da Lagoa do Portinho é um projeto desenvolvido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMAR com recursos do PRODETUDUR/NE- II, e consiste no o maior programa de recuperação ambiental em ambiente costeiro da região. 

Todas as atividades previstas no cronograma foram executadas e custaram em torno de R$ 1,2 milhão, aplicados em atividades operacionais e educativas. Os recursos foram aplicados nos trabalhados em vinte e um sistemas dunares com dimensões entre 420.000 e 2.400.000m³, perfazendo uma área de 1.453.520 m², contratação de mão-de-obra (14 empregos diretos e 60 empregos indiretos), aluguel de maquinário, equipamentos, aquisição de mudas e biomantas e pagamento de profissionais. Das atividades previstas, o Programa de Educação Ambiental ainda está em desenvolvimento.

Vários fatores contribuíram para o avanço das dunas no litoral. Além dos fatores antrópicos, o clima (baixa pluviosidade e alta evaporação) e o relevo da região favorecem a movimentação das dunas. “O avanço dessas massas de areia ameaça a propriedade pública e privada em todo o litoral, e impactam o ambiente em todas as dimensões, sob tudo a social, e  ainda comprometem importantes feições paisagísticas como é o caso da Lagoa do Portinho”, ressalta Dalton  Macambira. Durante o desenvolvimento do programa ainda pode-se observar a dinâmica eólica e a existência de ventos anômalos que causaram grandes dificuldades para a aplicação da metodologia.

De acordo com a coordenadora do escritório da SEMAR em Parnaíba e responsável pelo acompanhamento dos trabalhos, bióloga Roseane Galeno, a metodologia a ser empregada tem por objetivo a redução da propagação das areias pelo transporte eólico, a partir de um novo plano emergencial, que contempla um conjunto de ações que propiciarão um controle sobre a movimentação dessas massas de areia.

Ainda, segundo Roseane Galeno, na primeira etapa do programa, foi realizada a remodelagem das dunas, que consistiu na laminação ou corte das dunas para inverter a atual posição da massa dunar, reposicionando os lados mais íngremes contra o vento diminuindo o angulo de sotavento (lado da duna onde há maior propagação das areias) de forma a atingir-se as alturas desejadas formando uma barreira natural.

Após a remodelagem das dunas foram aplicadas as biomantas de fibra de coco confeccionadas no estado do Pará e utilizadas comumente para conter barrancos e encostas em outros estados.
Durante o programa, foi realizado o plantio das mudas da planta tifton 85 consorciadas com mudas nativas. A tifton 85 é uma planta híbrida desenvolvida em laboratório que foi aplicada sob a biomanta  e consorciada com espécies nativas como a salsa, pião-roxo, capim de burro etc.

TRABALHOS IMPORTANTES DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO PROGRAMA

Os trabalhos abaixo são relevantes para fundamentar a proposta de criação de uma unidade de conservação na área e ainda embasar a elaboração de uma carta de convivência entre os usuários e a Lagoa do Portinho.

  • Levantamento Fitossociológico;
  • Estudo da dinâmica eólica
  • Aquisição de uma estação meteorológica – recebeu o nome de Estação Meteorológica MACYRAJARA em homenagem à uma lenda local de uma índia Tremembé que forneceu importantes informações meteorológicas sobre a área;
  • Através do Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social conseguiu-se dar visibilidade a um problema ambiental que ocorre em todo o Nordeste Brasileiro.
  • Foram descobertos por ocasião dos trabalhos, sítios arqueológicos em áreas alinhadas com a trajetória dessas massas de areais, possibilitando que a Universidade Federal do Piauí desenvolvesse trabalho de resgate e identificação desse material dentro da área.
Por Ana Célia Aragão
Ascom SEMAR-PI