Em época como a que
estamos vivendo, em que imperam as ”superficialidades”, o
imediatismo e, como síntese, a perda de contato com o sentido da
vida, nada mais bem-vindo do que a música, especialmente a de boa
qualidade. Escutá-la já é um privilégio; executá-la, então...!
É assim que cerca de
150 crianças da rede municipal de educação de Parnaíba estão se
sentindo, graças ao empenho do maestro catarinense, Antônio Carlos
Lehmkuhl, que chegou ao Piauí e percebeu a importância da música
nas vidas em formação.
Antônio Carlos
formou-se em música na Suíça; aprendeu violino, violão, flauta e
outros instrumentos. Vindo de Santa Catarina com a família,
instalou-se em Teresina, onde orientou um trabalho com iniciação
musical em escolas das redes pública e privada; conheceu Parnaíba e
por lá ficou. “Tenho certeza que juntos conseguiremos transformar
Parnaíba também em uma cidade da Música. Será uma longa e
emocionante jornada”, afirma o maestro ao agradecer a colaboração
do IQE.
Citando Villa-Lobos, “O
ensino da música [...] é um fator poderoso no despertar dos
sentimentos humanos, não apenas os de ordem estética, mas também
os de ordem moral e ética, sobretudo os de natureza cívica. Influi,
junto aos educandos, no sentido de apontar-lhes, espontânea e
voluntária, noção de disciplina, não mais imposta sob a rigidez
de uma autoridade externa, mas novamente aceita, entendida
desejada.”, Antônio Carlos vai em busca de parcerias que acreditem
no poder da música e que possam contribuir com a aquisição do
material necessário à iniciação musical, pois o trabalho já é
por ele garantido. Com essa consciência, o Instituto Qualidade no
Ensino, IQE, é um desses parceiros, tendo feito a doação de 150
flautas doces e de estantes para partituras, na primeira fase do
projeto.
As crianças iniciam
aprendendo a tocar flauta doce. Até que consigam identificar se de
fato querem aprender o instrumento e se mostrem perseverantes para
tal aprendizagem, o maestro entrega-lhes flautas mais simples,
adquiridas por ele mesmo, a fim de manifestar reconhecimento pelo
empenho dos alunos na entrega daquelas doadas pelo IQE. Da flauta
doce a outros tipos de instrumentos de sopro, até o violino, a
aprendizagem se aprofunda e se intensifica. Os alunos mais
experientes e dedicados têm sido preparados para assumir o
monitoramento de turmas.
Os profissionais do IQE
consideram o investimento um fator importante para a formação de
pessoas socialmente mais equilibradas. Ter algo a que se dedicar, que
requer esforço, mas oferece realização e prazer, dá sentido à
vida, porque promove a consciência da necessidade de regras e
disciplina, da magnitude de um produto quando os esforços de equipe
são coesos e da beleza que vai muito além das aparências e
futilidades. É, de fato, uma aprendizagem significativa.
Mas o maestro quer
mais! Cento e cinquenta crianças? Muito pouco. Seu desejo é ampliar
a educação musical para 300 alunos, de 5 escolas, em 2013, incluir
a formação de um coral e aulas de dança. Em 18 de maio, durante o
curso de formação em gestão, dado pelo IQE, Antonio Carlos regeu o
grupo de 40 crianças que se apresentaram aos diretores da rede
municipal. Encantados, os gestores solicitaram que o projeto seja
estendido às escolas em que trabalham, o que será possível com
outra colaboração do IQE já a caminho: mais 350 flautas doces e
100 estantes.
E o futuro? O sonho de
uma orquestra de cordas e, mais tarde, da “Orquestra Sinfônica de
Parnaíba”. Com olhos brilhantes, leva a todos a vislumbrar esse
futuro que já começou.
Por: Maria Helena Costa
Carneiro Braga
Supervisora pedagógica
de programas do IQE – Instituto Qualidade no Ensino