Dilma Rousseff foi eleita presidenta do
Brasil exatamente pelo trabalho à frente do Ministério de Minas e
Energias como uma gestora acima de qualquer suspeita e pela
eficiência técnica e administrativa.
Eleita, a percepção foi além: no
primeiro ano de governo, a vassoura comeu solta. Quando surgia uma
denúncia, um ministro era fritado devidamente. A imagem de grande
gestora se consolidou e a de durona, mais ainda. Os noticiários
davam conta de que não era raro ministros varões saírem de suas
reuniões aos prantos. Numa alusão a essa postura, ela chegou a
ironizar que seria uma mulher viril cercada por homens dóceis.
Mas o senhor da razão é o tempo, já
dissera o presidente filósofo, atleta, garoto-propaganda de
mensagens educativas, Fernando Collor de Mello. Eis que passados dois
anos e meio de mandato, a “rapadura” virou “melado”.
Em meio à onda de manifestações,
toda a austeridade foi para o brejo. Começou antes, ao trazer
apadrinhados de alguns ministros demitidos por denúncias de
corrupção para ocupar os lugares deles. Sua idoneidade
administrativa fora mais uma jogada de marketing do seu principal
(não) ministro, João Santana.
No auge das manifestações, aturdida e
sem saber o que fazer, a primeira medida da “Dama de Ferro”
brasileira ou do primeiro poste político foi consultar o “pai”
Lula.
Como assim? Ela não fora eleita
exatamente por sua capacidade de gerenciar e pela firmeza? Pois é,
esses requisitos devem ter sido jogados no mesmo buraco no qual
fincaram o poste. Os números da sua gestão já são conhecidos,
como inflação alta, o “pibão” mais “pibinho” do mundo,
ministérios a rodo, gastos com criação de tribunais e construção
de estádios e por aí vai.
Mais do que demonstrar fraqueza, a
presidenta herdou alguns hábitos da administração anterior. A cada
hora que surgem irregularidades na administração pública, ela se
manifesta como uma cidadã comum, como recentemente ficou indignada
ao saber da farra com aviões da Força Aérea Nacional - FAB. “Isso
não pode ficar assim”, disse. Parecia que eram as primeiras
viagens dos fanfarristas com o dinheiro da viúva. Como sempre no
Brasil, a presidenta só ficou sabendo depois de a imprensa divulgar.
Ora, ora, não precisa ser técnico em
aviação para saber que as despesas com essas aeronaves são
altíssimas e que deveriam ser utilizadas em situações muito
peculiares de emergência para ajudar à população, em algo que
trouxesse benefícios gerais, como na catástrofe – natural da
gestão pública brasileira – de Petrópolis; talvez numa missão
de médicos e agentes de saúde voluntários na Amazônia. Nunca para
casamentos, partidas de futebol e outras missões de chefe de estado
como as mencionadas. Leis, decretos, portarias, resoluções,
qualquer norma que desse amparo à utilização para esses passeios
seria inconstitucional, por não atender à finalidade pública.
Por coerência, aviso que poste não
anda. Portanto, que seu presidente de fato vá até Brasília. Não
sou da imprensa, mas vou arriscar avisar-lhe que marqueteiro não
funciona para manifestantes; e também dizer-lhe da minha decepção
por constatar que é fácil ser “dama de ferro” apenas para os
subalternos.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP
Bacharel em Direito