Propagaram tanto a preparação do Rio
de Janeiro para a realização da Jornada Mundial da Juventude que
parecia estar muito bem organizado mesmo. Bastou o início das
atividades para escancarar que até os grandes eventos são
utilizados apenas como marketing político e não como uma
oportunidade das autoridades mostrarem ao mundo que o Brasil está
preparado para realizar grandes acontecimentos.
Mesmo sabendo que o Papado é o mais
alto posto da Igreja Católica e a única autoridade nesse patamar no
mundo, ao transportá-lo deixaram o Pontífice à mercê da população
que, felizmente, não se aproveitou disso. De qualquer forma, foi
constrangedor e arriscada à situação a que ficou exposto o santo
Padre.
Nos transportes, o fiasco foi total.
Nada funcionou. O metrô porque faltou energia; as linhas de ônibus
não foram ampliadas, nem colocaram outras alternativas; nada foi
feito para minimizar os transtornos de quem só tinha o transporte
coletivo como meio de locomoção. Esse comportamento escancara que
as autoridades brasileiras só arrumam a casa quando há visita de
estrangeiros importantes. Ainda assim erraram feio, já que o público
da Jornada não tem tanto recursos como os turistas tradicionais.
Outra grande falha foi gastar milhões
para apresentação em Guaratiba e depois, por conta de uma chuva
normal, não realizar a apresentação por conta do lamaçal. Como as
atividades foram transferidas para Copacabana, o prefeito pediu
desculpa aos moradores do bairro chique e não disse uma palavra para
os pobres do subúrbio.
Autoridades brasileiras não perdem a
oportunidade de tentar tirar proveito eleitoral dessas ocasiões. Nem
as manifestações populares de junho surtiram efeito suficiente para
mudarem esse hábito coronelista, ao demonstrar que os cidadãos
atualmente já separam bem o papel entre política e religião.
Também há exagero e sensacionalismo
na cobertura dada pela chamada grande mídia. Os telejornais da Rede
Globo dão ênfase semelhante a uma Copa do Mundo de futebol, com
repórteres desde a saída até o retorno do Papa. Parece nem
existirem mais os problemas nacionais, mesmo quando todos os serviços
essenciais ligados ao evento não funcionam. Quando são citados, a
ênfase recai num fanático a dizer que isso é irrelevante perante a
presença de Sua Santidade.
No momento não vou aprofundar nas
teses defendidas pelo Pontífice. Quanto à sua proposição para o
menor se firmar perante a sociedade deveria ter sido mais bem
detalhada, já que, como regra, os menores brasileiros há muito já
vêm extrapolando os limites da afirmação e estão indo ao ataque.
Resta à imprensa investigar quanto de
dinheiro público foi gasto nesta visita, pois o brasileiro já
deixou muito claro sua prioridade em educação, saúde e segurança,
e não mais em festejos, independentemente da religião, ainda mais
porque esse aparato só ocorre em solenidades católicas, numa
flagrante discriminação às demais religiões e um desrespeito ao
preceito constitucional da laicidade do Estado brasileiro.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP
Bacharel em Direito