Por Fernando Gomes, sociólogo,
cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.
A agenda brasileira ganha notoriedade
no campo das decisões políticas. A presidenta Dilma convoca
ministros, governadores e prefeitos das capitais para discutir o que,
a seu entendimento e de seus orientadores, deve ser o fio condutor da
resposta às ruas: uma urgente reforma política.
Estariam surdos eles ou os brasileiros
que protestaram país afora não falaram com clareza o que mais nos
importuna? Nem uma coisa, nem outra. Esta saída de colocar na pauta
a discussão sobre uma reforma política, mais parece uma alternativa
“inteligente” para tentar desvirtuar o rumo das discussões que
verdadeiramente levou o povo às ruas: a corrupção desenfreada e a
ineficiência dos serviços públicos prestados à população.
O momento exige cautela. É preciso
analisar cada passo dado. O povo não é bobo. O governo já não é
mais o detentor do controle que mantinha sobre a grande massa
explorada. Sobretudo, é preciso ordenar um novo modelo de
gerenciamento do estado brasileiro que se mostre verdadeiramente
democrático. Aqui, entenda-se por democracia não somente o ato de
se ter eleições diretas, mas que o sistema permita que o cidadão
exerça o seu papel de eleitor ou candidato com lisura e ética.
Os brasileiros já não toleram mais
ver tanta bandalheira seguida de impunidade. Casos de corrupção
comprovada ainda se arrastam em manobras judiciais e com acordos
politiqueiros que levam o país ao deboche e com implicações
didáticas negativadas pelos exemplos que estimulam a desonestidade.
O povo pede a cassação dos mandatos dos deputados condenados pelo
“mensalão”, pede a prisão aos “mensaleiros” condenados,
pede a conclusão da votação e sanção da lei que transforma a
corrupção em crime hediondo, pede ainda, como medida moralizadora
do Congresso Nacional que senadores e deputados “fichas sujas”
sejam julgados e, sobretudo não ocupem cargos de direção, como é
o caso do Presidente do Senado Renan Calheiros e do deputado Marcos
Feliciano, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e dos
deputados José Genuíno e João Paulo Cunha condenados e membros
titulares da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Só aqui no Brasil!
Tá dita e foi clara a mensagem: é
preciso que pare a corrupção! Taí um programa bom de ser lançado
pelo governo federal: CORRUPÇÃO ZERO! Este viria para consolidar o
FOME ZERO dando-lhe novos contornos, pois se sabe que a intenção é
dar proteção social a quem está em situação de risco e miséria.
Ótimo, pois a partir de agora quem recebe qualquer benefício do
governo federal tipo bolsa família, prostituta, presidiário estará
impedido de votar. Ora, se não é para “encabrestar”, deixa este
povo sofrido livre dessa obrigação!!!
Concomitantemente é necessário um
choque de gestão nas áreas da educação, saúde e segurança.
Estes setores sofrem influencia direta da péssima qualidade dos
serviços prestados, com raríssimas exceções, aliadas à
corrupção. O governo sabe disso, não faz diferente porque não
quer. Ou melhor, porque sabe que vai escandalizar o modo histórico
com que hoje se administra o dinheiro público, igualzinho àqueles
pilantras de antes e que foram achacados sob o discurso moralizador e
que redundou no que está aí às nossas vistas e em nossa própria
pele.
E, para completar, caso interesse ao
governo dar respostas ao povo, vai aqui mais algumas sugestões
apontadas Brasil afora: desaprovação à PEC 33 que retira a
soberania do STF de investigar os políticos acusados de corrupção,
submete as decisões do STF ao Congresso; fim do foro privilegiado
(imunidade parlamentar); fim do voto obrigatório aos eleitores; voto
distrital; financiamento de campanha somente público; fim do voto
secreto no Congresso Nacional; reforma prisional, condenados têm que
trabalhar para pagar suas despesas no presídio e sustentar suas
famílias; aprovação da PEC 280 – redução do número de
parlamentares de 513 para 250, garantido que nenhuma UF fique com
menos de 4 e máximo de 30 representantes; tarifa zero dos
transportes públicos para estudantes; Redução dos ministérios de
39 para 25.
Concluo usando uma frase de um cartaz
d’uma manifestação “Prender os baderneiros é fácil quero ver
prender os corruptos”. Eu também quero ver!