13 de novembro de 2013

Eleições e futebol


Vem aí mais uma eleição e junto com ela a farra de dinheiro público. Pode crer meu caro compatriota! Antigamente o Brasil era conhecido e considerado mundialmente o país do futebol, porém, agora mudou o titulo para “país das eleições”. E olhe lá. A soma de valores envolvida nas campanhas eleitorais dos diversos candidatos ultrapassa a cifra gasta em transações envolvendo atletas brasileiros entre clubes e empresas patrocinadoras.

Alternadas de dois em dois anos, as eleições brasileiras são disputadas neste pequeno espaço para os cargos de presidente da República e vice, senador e suplentes, governador e vice, deputado federal e estadual, prefeito, vice-prefeito e vereador. Gente, pra falar a verdade, não consultei nenhum analista político ou econômico para totalizar tanta dinheirama. Porém, nem é preciso recorrer a isso, pois os informes diários dos meios de comunicação anunciam diariamente tal aberração.

Para se ideia o custo das eleições para prefeito e vereador no ano passado nos 5.568 municípios brasileiros foi o mais alto da história do país. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contou com a dotação orçamentária de R$ 597 milhões para custear todo o processo, incluindo primeiro e segundo turno, contra os R$ 480 milhões que foram consumidos nas eleições de 2010, para presidente, governador, senador e deputado federal e estadual.

Afora os gastos públicos oficiais que saem dos nossos bolsos o que não dá para entender fica por conta das doações realizadas entre candidatos, comitês financeiros e partidos políticos não estão sujeitas aos limites de gastos. Outra coisa é com relação às prestações de contas e declarações de bens dos candidatos e seus financiadores.

Nesta hora todo mundo é pobre! O patrimônio é tão minúsculo que às vezes serve de chacota para os humoristas de plantão, pois é totalmente diferenciado das ostentações do dia a dia dos candidatos coadjuvantes.

No Piauí, por exemplo, tem candidato rico de milhão, que se apresenta, de acordo com os bens declarados à Justiça Eleitoral como pobre de bastão. Pena que a lei nunca pega esses que se passam por “nossos representantes”. Apesar do esforço da justiça em coibir as investidas dos candidatos na compra de votos, o país ainda está longe de obter sucesso na lisura de cada pleito que se sucede.

Todo dia vemos e ouvimos a imprensa anunciar mandatos eletivos de políticos sendo cassados por força desse ato, muito embora e, infelizmente, a maioria retorna ao cargo após recorrer das sentenças em instâncias superiores. Por isso, o abuso do poder econômico ainda persiste neste país. Eis aí a explicação de tanto dinheiro espalhado nas campanhas eleitorais brasileiras.

De certo é que no Brasil nunca se conseguiu construir caminhos diferentes para fazer conviverem o rigor da gestão pública e a batalha eleitoral. De começo, banir a reeleição certamente já seria uma boa meta. Aí sim certamente o Brasil pudesse voltar a ser conhecido novamente como o país do futebol e não de eleições.

Jânio Holanda - Jornalista