Indubitavelmente
o povo parnaibano é ordeiro, calmo, tranquilo e por demais bonzinho
e acomodado com certas situações que provocariam indignação e
revolta popular em qualquer outro lugar deste imenso país.
Há
quanto tempo, por exemplo, o povo sofre por não ter transporte
coletivo decente, sob a indiferença de gestor municipal que não se
digna sequer a construir abrigos adequados para passageiros? Há
quanto tempo falam em regularizar os serviços de mototáxis em
Parnaíba, uma profissão já regulamentada em todo canto do país,
menos aqui. E o povo não diz nada, mesmo sabendo dos riscos que
corre quando necessita dos serviços de um motoqueiro qualquer, que
explora a profissão sem a devida habilitação.
O
parnaibano é bom demais, por viver acreditando nas promessas de seus
políticos, sem se importar se mentem ou não. Talvez por isso alguns
vereadores sejam sempre eleitos, independentemente de serem ou não
bons representantes da população ou pelo menos fazerem jus ao
salário que recebem.
A
zona rural do município, que é bem pequena, geralmente só é
lembrada em período de eleições, quando os políticos lá
comparecem para fazerem promessas. Quem reside em localidades como
Olho D`água, Km 12, Baixa da Carnaúba, Km 16, Pedra do Sal, dentre
outras, sequer têm água potável para beber. E o ex-prefeito
José Hamilton ainda renovou em 2011 o contrato de prestação de
serviços com a AGESPISA, por mais 20 anos, sem exigir que a empresa
assumisse o compromisso de ampliar seus serviços a essas áreas,
onde as pessoas sofrem para adquirem água para o básico. E ninguém
protesta.
E
o serviço de esgotamento sanitário? Quando começou e por que não
acaba nunca, para que estas empresas deixem de ficar quebrando as
ruas e seus calçamentos, deixando Parnaíba com aspecto de cidade
pós- guerra? Quem se responsabiliza pelos prejuízos já causados a
donos de automóveis, danificados na buraqueira? E os acidentes
fatais já ocorridos? Quem pagará pelas vidas ceifadas?
Que
vergonha é o mercado da Rua Caramuru! Quanta sujeira agredindo as
pessoas diariamente, sem que o Serviço de Vigilância Sanitária
cumpra o seu papel de interditar o local, onde as pessoas compram
alimentos. Enquanto isso no Mercado do Bairro Nossa Senhora de Fátima
sobram espaços. Mas o povo parece gostar daquele fedor do Mercado
Rua Caramuru, onde há mais de 10 anos nenhuma inteligência
privilegiada encontrou uma forma resolver o problema de águas
fétidas que escorrem pelos meios fios.
O
matadouro municipal é um caso à parte. Começaram a construir há 6
anos e não terminaram. E por não terem como justificar a
incompetência, resolveram colocar a culpa na Empresa "Marca
Engenharia", que teria participado da concorrência, vencido,
começado a obra, mas só depois descobriram que era uma empresa
“irresponsável”, que não tinha nenhuma condição financeira de
tocar a obra. Qual o tamanho da incompetência para este tipo de ato,
quando se fala que Parnaíba é a cidade que mais cresce no Nordeste,
“acima da média nacional”, não obstante possuir um batalhão de
famílias dependendo do “bolsa família”. Olhando ao redor
constataremos que a maioria das estruturas das escolas está
depredada, exigindo melhorias. Por que as deixaram ao abandono? E as
quadras esportivas do município? De que adianta construí-las se não
há manutenção e não as utilizam adequadamente?
Desde
2005 que o atual prefeito, Florentino Neto, conhece a realidade de
Parnaíba. Foi por quase 4 anos secretário de governo do ex-prefeito
Zé Hamilton, tendo se ausentado por pouco tempo para gerenciar uma
tal ADRS – Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável(?),
surgida na “onda” dessa tal “Rota das Emoções”. Depois foi
4 anos vice-prefeito. Elegeu-se prefeito em outubro de 2012. No final
do ano deu entrevistas dizendo que ainda não havia tomado uma
cerveja para comemorar a vitória porque estava estudando a Parnaíba.
Assumiu, passou o ano de 2013 e no final disse que aquele tinha sido
um ano de muito planejamento e que 2014 seria um ano de grandes
investimentos.
E
já se reuniu com a equipe para planejar o segundo semestre deste
ano. E de planejamento em planejamento o tempo vai passando. E o
povo, bonzinho, está calado, observando, sem nada dizer. Até
quando?!
Não
me queiram mal aqueles que eventualmente estejam satisfeitos com a
administração que até agora tem se caracterizado por retirar
entulhos deixados nos espaços públicos pelos seus antecessores. Até
as obras fruto de parcerias com o Governo Federal, parte delas está
parada. E a cidade, dizem, é a que mais cresce. A mais promissora
para se investir. Eu só posso estar ficando doido, mas não dá pra
entender o quadro que pintam com tintas retiradas não se sabe de
onde.
Por
Bernardo Silva – Jornal Tribuna do Litoral