Nos
dias 28 e 30 de junho, pesquisadores do Piauí realizaram saídas de
campo para mergulhar nas águas da praia Pedra do Sal, localizada em
Parnaíba no litoral do Piauí, com o objetivo de registrar novos
exemplares de mero (Epinephelus itajara) em seu ambiente natural.
A
atividade realizada pelo Projeto Senhor das Pedras, patrocinado pela
Fundação Boticário de Proteção à Natureza, aconteceu em
parceria com o projeto Sociobiodiversidade da Ilha, financiado pelo
Tropical Forest Conservation Act-TFCA. Ambos são realizados pela
Comissão Ilha Ativa-CIA, ONG que atua na Área de Proteção
Ambiental-APA Delta do Parnaíba, que envolve os estados do Piauí,
Ceará e Maranhão.
Segundo
a coordenadora técnica, bióloga Kesley Paiva, o projeto tem como
objetivo promover a conservação do mero por meio de pesquisas e
educação ambiental. “No Brasil já há certo conhecimento
científico sobre este peixe marinho. Porém no Piauí, essas
informações são ainda muito escassas. Assim, o projeto vem
contribuir com o levantamento de informações na região, que serão
importantes no desenvolvimento de estratégias de conservação deste
animal criticamente ameaçado de extinção” comenta a
pesquisadora.
A
bióloga Liliana Souza explica que os mergulhos ocorrem em pontos
indicados por pescadores. “Na primeira fase do projeto realizamos
entrevistas com nossos parceiros de praia, os pescadores. Estes
profissionais possuem a vivência e passam seu conhecimento, sobre a
bioecologia do mero, de sua atividade pesqueira e de vida. Os locais
indicados estão sendo mapeados e visitados por meio de mergulhos
para confirmar a presença dos meros”, relata Liliana.
Durante
a atividade deste fim de semana, dois pontos na praia Pedra do Sal
foram visitados. Em um destes, a equipe registrou um exemplar de
mero. O animal tinha aproximadamente 1,5 m de comprimento e estava a
uma profundidade de 19 metros. “Pelo tamanho do animal e demais
características é possível que este não seja o mesmo indivíduo
encontrado em nosso último mergulho realizado no dia 09.06. As
imagens dos dois mergulhos serão analisadas em programas
específicos, o que possibilitará determinar se realmente são dois
exemplares distintos”, disse Kesley.
Além
do mero, a equipe registrou a diversidade do local, sendo observados
os peixes, curuca, biquara, budião, parum, salema, pampo, cirurgião
e outros de diversos tamanhos e cores.
De
acordo com a equipe, a diversidade de peixes da área é acompanhada
por meio do monitoramento de desembarque pesqueiro, onde são
registradas as espécies comerciais e não comercias. “Os mergulhos
permitem o registro do mero em seu ambiente natural, mas também
oportuniza o encontro com diversas espécies da fauna marinha local.
Além disso, perceber o quanto é rica nossa biodiversidade, a
necessidade de proteção das espécies e seus ecossistemas, bem como
o envolvimento entre pesquisadores e comunidade para alcançar a
conservação deste patrimônio natural da região do Delta do
Parnaíba”, finaliza Kesley.
Kesley
Paiva
Bióloga,
especialista em Ecologia