Não existe um pai ou
mãe normal, para os padrões sociais, que não se preocupe com seus
filhos em relação ao uso de droga, especialmente na fase da
adolescência. Igualmente não há pessoa que não se preocupe com a
comercialização, com os drogados e as consequências gravíssimas.
Quando chega à
adolescência, a preocupação ganha contorno de desespero porque a
maioria dos pais já está sem controle algum sobre os filhos. Esse
descontrole começa logo na tenra infância quando as criancinhas
fazem birra à medida que seus pais fazem concessões. Quando, por
exemplo, o bebê joga a chupeta fora, além da gracinha que acham,
logo lhe é devolvida para agradar, sem questionamento de que a
criança pode mesmo nem estar querendo; deveriam devolver a chupeta
somente após a criança demonstrar desejo e ainda só algum tempo
depois. Quando maiores, as crianças aprendem que os pais lhes dão
objetos à medida dos seus desejos e não da condição real deles.
Ao constatar a
existência do domínio material sobre seus responsáveis, a
dominação psicológica já existe há muito mais tempo. Às vezes,
as concessões surgem até da disputas entre os pais. Um cede mais
que o outro numa briga de quem seria mais simpático e aceito pelos
filhos.
Ninguém tem a receita
pronta para formar um cidadão de bem, mas existem algumas atitudes e
comportamentos que apontam para uma formação incorreta. Deixar os
filhos saírem sem dizerem para onde, e com quem estão acompanhados.
Não estabelecer horário para voltar, não exigir cumprimento
estrito do horário estabelecido, achar graça sobre atitudes
deselegantes ou desrespeitosas nas relações interpessoais, seja com
mais jovens ou com idosos.
Deixar muito claro o
quê é razoável eticamente para uma negociação, o quê se pode
ser aceitável, e do quê não tem hipótese de negociação.
Estudar, ir às aulas regularmente e fazer os exercícios todos os
dias só devem ser dispensados por orientação médica ou por
motivos extremamente relevantes. Jamais brincar antes de fazer os
deveres escolares!
Criar filho sem essas
regras pode até não torná-lo um homem sem caráter, mas vai
depender exclusivamente da sorte. Seria como deixar um copo de
cristal cair no chão. Pode até não se quebrar, mas é por pura
sorte e muito raramente ocorre.
Os pais não estão
repassando valores que deem sentido de vida aos jovens e esses estão
sem nenhuma perspectiva de futuro. Para a sociedade, esse vácuo
torna-se mais grave do que eventuais desvios individuais. Eles
deveriam auxiliar os filhos a terem projeto de vida. Estimulá-los a
desejarem apenas bens materiais seria apenas a ter uma tática, não
valores.
Pedro Cardoso da Costa
– Interlagos/SP
Bacharel em Direito