22 de abril de 2008

Quanto pior, melhor

Artigo de autoria do Jornalista Jânio Pinheiro de Holanda

Enquanto milhares de pessoas sofrem desesperadamente por causa dos estragos causados em conseqüência das enchentes, meia dúzia de pseudos-representantes destas mesmas pessoas, encasteladas no poder se aproveita da situação para ganhar “simpatia”. Eles estão diariamente nos canais de Tv locais dizendo-se preocupados com a situação e que as providências necessárias para amenizar os efeitos do problema estão sendo tomadas.

Nada melhor para os responsáveis pelo cadastramento das pessoas que vão ser assistidas com cestas básicas de alimentação e ajuda de custo em dinheiro. Motivo: estamos próximos de uma eleição e os políticos adoram aparecer como salvadores da pátria em momentos como estes. Prova disso, são as querelas e o estremecimento entre representantes do governo do Estado e da Prefeitura, mostrados ao vivo e em cores nos telejornais diários.

Para eles, não interessa saber se o pobre recebeu ajuda para diminuir seu sofrimento, mas sim ficar patente a marca de quem a patrocinou. Afinal, nada mais cômodo do que na época da campanha eleitoral chegar nas casas destas pessoas apresentando-se como candidato e falando sobre o favorecimento que proporcionou aos alagados. Em seguida, “humildemente” pede a retribuição dos mesmos através de votos.

Infelizmente, as pessoas que sofrem essas conseqüências são de baixo poder aquisitivo e na sua maioria não são alfabetizadas. Por isso, acham que aquilo que receberam foi por complacência daqueles políticos que ora lhes pedem ajuda para se elegerem. Jamais pensarão que ali tem um pouco do seu próprio suor, por meio dos infinitos impostos cobrados pelos governos do nosso país.

As questões das enchentes e da seca não são resolvidas definitivamente justamente porque influenciam nos repetitivos mandatos daqueles que utilizam o velho ditado popular: “quanto pior, melhor”, para perpetuarem-se no poder. Por isso, o Piauí está sempre batendo recordes negativos em índices de analfabetismo e pobreza, além de outras mazelas. A falta de compromissos dos “nossos representantes” impede a realização de grandes projetos e programas voltados ao bem-estar da população.

Entra governo, sai governo e todos realizam apenas o suficiente para serem reconhecidos como autores de alguma obra que possa repercutir nos meios de comunicação. O mais é tocar o Estado na base da sustentação política às custas de cargos e benesses oferecidos aos caciques.

Recentemente, o Estado do Piauí passou pela mesma situação, presenciada até pelo presidente Lula. Na ocasião os alagados instalados no Ginásio Pato Preto, no Mocambinho, ouviram apenas palavras de conforto e muitas promessas. Solução que é bom, nada.