16 de outubro de 2008

Por que me chamam de arrogante?!


Artigo de autoria de Geraldo Filho (Sociólogo, Bchl e MSc: professor do CMRV/UFPI, Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação)

(ou o subversivo de Deus)

Nos últimos anos cresceu dentro de mim a necessidade de conhecer melhor o que as pessoas acham do meu trabalho, como elas o avaliam. Essa curiosidade foi despertada por que desconfiei da confusão que fazem ao misturarem o impacto que minhas aulas, artigos e livro causam nas suas vidas com o meu jeito de ser e viver.

Assim, se alguém ouve ou lê aquilo eu digo e escrevo, e isto incomoda o seu “mundinho” equilibrado, onde, segundo o velho e bom Benito di Paula “ tudo está no seu lugar, graças a Deus!”, então esse cara deve ser arrogante, quer saber mais da vida da gente do que nós mesmos, quer nos dar conselhos e dirigir nossas vidas, deve ser um insatisfeito ou problemático qualquer...

Na verdade, não é bem assim! Tenho consciência de que minha precocidade etária abriu muitas áreas de interesse no conhecimento da vida, sobretudo varias áreas das ciências sociais e aplicadas, o que me transformou no que na minha infância e adolescência se apelidava de “cú- de-ferro”, atualmente “nerd”. Até hoje, sou assim, com muito orgulho!

Mas, o fato de ser “CDF”, na vida e nas ciências, moldou um “nerd” a-típico, não-convencional. Geralmente esses caras são assim mesmo, ensimesmados, fechados, dados às depressões ou vícios pesados... Eu, não! Sempre gostei de prazer, da noite, das bebidas, das danças, das mulheres... Mas, disciplinadamente! Recentemente até deixei de fumar, depois de 28 anos!

Abracei a profissão que eu queria, ser intelectual! Habilitei-me em Sociologia, mas fiz todas as cadeiras de Antropologia e Ciência Política. Aos poucos, como professor universitário, fui aproximando minhas ciências de outras, como a história (que domino desde a adolescência), a filosofia, a economia e a psicanálise. Diletantemente estudo biologia evolutiva, neurociência e astrofísica.

Como a maioria dos brasileiros, nasci católico, fiz parte do grupo jovem católico (PAS: paz, amor e solidariedade) em Recife, mas aos 13 anos as inquietações da fé (eu diria hoje, experiências mítico-científicas), me levaram a conhecer além da Bíblia (Velho e Novo Testamento), estudei profundamente o espiritismo kardecista (todos os livros principais da doutrina e sua aplicação nas sessões), bem como outras religiões como hinduísmo, budismo, a variação hindu-budista “Hare Krishna”, o candomblé, e claro, a nossa umbanda.

Tornei-me um agnóstico, não preciso das religiões para conversar com o Criador, por sinal excepcional amigo, com quem travo excelentes debates e nos divertimos muito, entre alguns drinques, rindo das crendices e tolices dos humanos. Recentemente, Ele me encarregou de por diversas vezes explicar a máxima “Na Minha casa existem muitas moradas!”, frase lema em torno da qual gira toda a Sua doutrina contra os preconceitos de qualquer natureza e pela aceitação da diversidade de comportamentos, desde que estes nunca atentem contra a integridade do humano.

Numa conversa há alguns anos, ao me aproximar dos 40, Ele me disse, de modo bonachão e condescendente: “Geraldo, já viste no que tu te transformou?! Para o mundo tu és um subversivo das idéias correntes, tu que procura ajudar os humanos como um dia Eu fiz, é condenado por eles. Dizem até que tu és um herege contra Mim, quando na verdade é um dos meus bons defensores e divulgadores, um Cruzado Templário. Que ironia, não?!” e deu boas gargalhadas...

Não compreendi, fiquei atônito e Ele me disse mais: “ Geraldo, meu velho amigo, as missões mais duras foram e são desempenhadas pelos meus melhores anjos, que são condenados pelos humanos. Eles que cumprem minhas ordens no jogo da vida, foram transformados em demônios satânicos monstruosos, ou anatematizados como traidores (Judas), quando na verdade desincumbiam-se das tarefas mais espinhosas, encomendadas por mim. Coitados! O pior, sabendo que teriam sua reputação e nome jogados na lama pelos séculos a fora”.

“Veja o seu caso. Você defende o liberalismo político e econômico, o que sem duvida é correto, pois essas doutrinas melhor expressam como as pessoas vivem, em um mercado de interesses. No entanto, os liberais são combatidos por que os humanos acham que vocês defendem o individualismo egoísta e ambicioso, mesmo que eles estejam usufruindo da riqueza que vocês criaram!”

“Você defende que questões como religião e aborto são de foro intimo, só ao individuo pode ser dado o direito de resolver, pois as conseqüências devem ser resolvidas aqui Comigo. No entanto, mais uma vez vocês liberais são combatidos, porque as pessoas não querem assumir suas responsabilidades como adultas e livres, preferem condenar vocês ao caluniá-los como ‘defensores da morte’”.

“Você ensina na sala de aula como nunca, um dos poucos que encontra na sala uma sessão de terapia, ou auto-terapia; mantém a disciplina, ninguém bagunça, todos são livres para perguntar e aprendem para vida. No entanto, geralmente de pessoas que nunca entraram na tua sala e nem te conhecem, apenas ouviram falar, vem a maldição: é arrogante!”

“Finalmente, você defende meu amigo, que as pessoas devem se aproximar de Mim pelo conhecimento do mundo e das ciências, como você fez. No entanto, o que fazem os humanos?! Condenam-lhe, inventando que Eu disse que os mistérios de Deus são insondáveis e, que o homem bom é aquele que é temente a Mim, temente a Deus, o Criador...”

“Compreende agora Geraldo Filho?! Você tornou-se um subversivo do mundo, das idéias vigentes. Os humanos preferem essas tolices do que a luz do conhecimento. Mas é melhor que seja assim, principalmente contra a sacanagem desses religiosos que ficam mandando as pessoas ficarem com medo de Mim, o Criador!!! Continue com a subversão Geraldo, meu subversivo, ojuobá de Deus...Gabriel, mais dois drinques para mim e Geraldo, e traga um para você também!”