No artigo da semana passada tratei deste mesmo tema. O repeteco se dá porque o assunto merece atenção de todos que acompanharam e/ou se envolveram direta ou indiretamente na campanha do então candidato Wilson Martins, hoje governador eleito. Durante seus pronunciamentos e entrevistas, ele afirmava que iria dá continuidade a mesma trajetória do governo de Wellington Dias.
Hábil na política, Wilson sabia que naquele momento não poderia zangar a cúpula petista. Todos sabem que o PT foi um calo de sapato no período da escolha do então candidato da base. Tanto, que quando veio a se decidir por Wilson, impôs várias exigências como as duas vagas na suplência para o senado e ainda marchou sozinho proporcionalmente para eleição de deputado estadual. Por isso, Wilson não poderia contrariá-los.
Aceitou deixar quase todos os petistas nos cargos que ainda eram do governo de Wellington para não causar mais calundu na esfera do partido da estrela vermelha. Assim Wilson não estava se comprometendo com qualquer mudança drástica. Porém, os experts no assunto da política sabia que Wilson estava engolindo aquele sapo apenas temporariamente, pois bastou a confirmação da vitória para ele refletir que agora o governo é dele.
Provou isso na primeira entrevista coletiva que concedeu aos jornalistas locais ao avisar que iria fazer o enxugamento da máquina administrativa e que pretendia fundir ou extinguir órgãos que servem apenas para cabide de empego. É natural que todo mandatário queira imprimir seu modelo de administrar. Na história política e democrática brasileira, na grande maioria das vezes, sempre acontece brigas entre o prefeito/governador antecessor e o sucessor quando aliados.
Nessa história, o antecessor quer dar pitaco na administração daquele que ele acha que elegeu e o outro, com toda razão, não aceita por ter os direitos adquiridos nas urnas e assim termina em rompimento. Isso acontece porque todo gestor quer fazer muito mais do que o seu antecessor. Portanto, se o governador Wilson Martins garantir e realizar o que vem apregoando nos meios de comunicação, correrá o risco de desagradar muito peixe que se acham graúdos em sucessivos governos. Leiam-se alguns veteranos deputados em nível estadual e federal.
Repetindo o que meu amigo Zózimo escreveu em um dos seus bêm elaborados textos, acho que, “Wilson seguramente fará jus à fama de "Trator", que adquiriu nos meios políticos. Não propriamente por ser um truculento, mas porque é determinado e tem arrojo. Nada o afasta do caminho de seus objetivos. Se fez concessões até aqui, foi porque estava enfiado até o gogó numa campanha eleitoral”.
Jânio Holanda - Jornalista