O drible da foca é uma maestria criada pelo jogador Kerlon quando pertencia ao time do Cruzeiro de Belo Horizonte, onde ele passa pelo adversário equilibrando a bola sobre a cabeça. Tal façanha ficou na história do futebol nacional e internacional por ser diferenciada de outros dribles que são feitos especificamente com os pés.
Na esfera política brasileira essa astuciosidade iniciou desde o descobrimento da Nação. As malícias arquitetadas pelo cérebro humano são comuns no dia-a-dia do nosso Brasil. Isto é, as jogadas de mestre são utilizadas pelas cabeças daqueles que detêm o poder da caneta para assim decidir o quer lhes convier.
No Piauí, quando o PT era a bola da vez, fatos como estes eram corriqueiros. As indicações de cargos no governo petista partiam através de engenhosidade como o drible da foca. Isto é, quando era preciso arregimentar alguma liderança política – seja ela de qualquer matiz partidária – a tática entrava em ação. Como exemplo podemos citar, a indicação do deputado Olavo Rebelo para a ocupar uma vaga de Conselheiro no Tribunal de Contas do Estado.
À época, o então governador Wellington Dias pegou o deputado Alberto Silva de calças curtas. Na certeza de que o filho Marcos Silva fosse o próximo Conselheiro, Alberto Silva abdicou até da sua candidatura ao senado para receber essa benesse do governador. Porém, passaram-se as eleições, e o governador achou por bem “nomear” Olavo Rebelo que era da base governista para assim poder efetivar um deputado suplente e, ao mesmo tempo acomodar Olavo no TCE: um verdadeiro drible da foca.
O plano, nada mais, nada menos, já visava às eleições de 2010. Naquele tempo ainda faltavam quase três anos para o pleito, mas o governador Wellington Dias já semeava o terreno para colher uma vaga no senado da República em 2010. Todos sabem que à medida que a idade da pessoa vai se elevando consequentemente as forças do ser humano vão diminuindo.
Mesmo sendo um expert durante toda a carreira política o veterano mestre Alberto Silva, já não possui as mesmas forças para enfrentar as intempéries advindas desta área que ele tanto conhecia. Relembro que em algumas entrevistas concedidas aos meios de comunicação local, Alberto Silva demonstrava visivelmente a sua mágoa com o governador Wellington Dias, afirmando que realmente cedeu sua candidatura de senador para não atrapalhar a aliança com o PTB, do empresário e agora senador João Vicente Claudino.
Alberto Silva disse que o empresário reivindicava para si a candidatura e deu um prazo mínimo para o governador decidir. Por isso, o veterano Alberto Silva achou por bem não atrapalhar a recondução de Wellington Dias para um segundo mandato, como aconteceu. Apesar de tudo, o velho mestre ainda conseguiu uma cadeira na Câmara Federal. Dizem que para alguém sentar-se efetivamente numa cadeira de Conselheiro do TCE, os pré-requisitos necessários são: possuir mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade; Possuir idoneidade moral e reputação ilibada e notável saber jurídico, contábil e financeiro, além de ter mais de 10 anos de exercício de função e atividade profissional que exige estes conhecimentos.
Esta foi à explicação para justificar o drible da foca em Alberto Silva. Perguntamos: Será que a indicação de Alberto Silva não preenchia esses requisitos? Não, provavelmente esse não foi o motivo, pois alguns que já passaram pelo TCE não possuíam nem a metade desses itens. Portanto, a questão foi pura e simplesmente política.
Casos como estes servem de escola. E é isso que está acontecendo agora. Loucos por cargos, os petistas estão se vendo com a reticência de Wilson Martins em acomodar seus principais seguidores. Em não podendo emplacar um candidato à sucessão de Wellington Dias, terminaram “engolindo” a candidatura de Wilson, que na campanha deixou quietas certas mágoas com o partido por conta disso.
Agora, respaldado por uma consagrada maioria da população, Wilson Martins estuda pacientemente as reivindicações petistas. O tempo vai passando, os principais cargos sendo anunciados e os petistas somente na expectativa, pois até agora somente o deputado Nazareno foi contemplado por força da ascensão do deputado Átila Lira à pasta da educação. Aos demais, será que não serão passados para traz com o drible da foca?
Jânio Holanda - Jornalista