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Daniel Ciarlini |
Existe um perigo muito
grande hoje em fazer uso da expressão civismo com o intuito de
anunciar alguma opinião, pois que esta palavra sempre esteve
atrelada a semióforos de controle nos tempos da ditadura, portanto,
não digo que o que me move a escrever estas linhas seja um dever
cívico, mas como cidadão.
Quem não sabe que a
política é uma missão desconhece o que de fato ela representa,
qual a sua real essência. Aliás, mais do que desconhecê-la, não a
pratica, confundindo-a com politicagem. O sujeito que confunde cargo
eletivo com Poder, por exemplo, não entende nada da finalidade de um
governo, que é o bem comum, logo não pode ser político porque está
fadado a tornar-se uma espécie de déspota, desejando colecionar em
perpetuidade um ou vários cargos. Daí que a sua existência no meio
político representa a gênese das perseguições, das humilhações
e das mais diferentes maleficências que existem nas correlações
politiqueiras que determinam e/ou manipulam as ações alheias em
prol daquilo que só um sujeito ou um restrito grupo quer.
Se missão é palavra
sinonímia de mandato, a política não pode ser transformada em
profissão. Logo, político algum pode se julgar profissional. Isto
seria ferir os princípios da própria democracia. Ser profissional
em política seria o mesmo que ter o cargo eletivo em privilégio
permanente – que eu saiba só reis e, infelizmente, juízes são
vitalícios. Sou, portanto, impelido a desacreditar e desconfiar de
políticos dotados de espírito monarca, como aqueles que vivem da
política há décadas, tendo ocupado os mais diferentes cargos, e
mesmo em face da senectude continuam a angariar espaço com o intuito
de favorecer unicamente a si e a própria família.
Quando a esfera é
legislativa, a situação se torna ainda mais alarmante. Enquanto não
existir uma lei que vete o exercício político da
re-re-re-re...reeleição, como ocorre a vereadores, deputados e
senadores, todo eleitor deveria desconfiar daqueles que estão em
cargos por anos a fio.
É da natureza da vida
a transformação e o encerramento de ciclos, para que outros surjam
e movimentem as engrenagens da existência, assim já era na Grécia
Antiga quando se elegia os magistrados para o exercício político de
apenas um ano. O cidadão que não se permite encerrar um ciclo,
inevitavelmente cai no descrédito do comodismo. E é aqui que reside
o perigo. E é aqui que a politicagem prevalece. Em Parnaíba,
vejamos, a Câmara Municipal está cheia de homens que já
ultrapassaram a casa dos quinze anos de mandato, e outros completarão
em breve vinte anos (uma vida!); os mais novos, para efeito de
registro, possuem ali no mínimo dois mandatos (8 anos consecutivos).
E a pergunta que nos deixa inquietos: quais foram os seus legados? O
que a cidade ganhou com isso?
Será que durante estes
mais de 15 ou 20 anos não surgiram lideranças novas ou os
parnaibanos, porque não veem nada acontecer no legislativo,
desconhecem a sua função e importância? Façamos uma reflexão e
tentemos lembrar uma ação apenas que o legislativo parnaibano tenha
feito de memorável nas últimas semanas, ou melhor, nos últimos
meses, ou quem sabe ainda, nos últimos anos? Falo aqui de algo digno
de nota, marcante, apreciável! Sem muito esforço observar-se-á que
o que boa parte dos vereadores conseguiu foi banalizar o título de
cidadania parnaibana, distribuindo-o quase semanalmente, inclusive a
homens que nunca nem pisaram os pés em Parnaíba. É ver para crer:
todos os dias blogs, portais e jornais divulgam as “notícias”
chavões da Câmara, onde a assessoria de comunicação não precisa
nem se preocupar com as manchetes, já que estas possuem um esqueleto
próprio: “Câmara Municipal concede título de cidadania
parnaibana a...”. Guardando-se as reticências aos próximos
homenageados.
Não é de hoje a
preocupação alimentada por muitos pela renovação do quadro
político daquela casa. E quero acreditar firmemente de que este seja
de fato o ano da grande mudança, onde assistiremos os velhos
caciques perderem o Poder, dando voz àqueles de mentalidade avançada
e revolucionária, como é o caso de Arlindo Leão. Este candidato
não apenas representa, a meu ver, o impulso necessário para o
início de novos tempos no legislativo, como também inspira a
certeza de que a política parnaibana deverá nos próximos tempos se
adequar a um novo modelo de trabalho, regado a três palavras de
ordem que regerão o restante do século XXI: dinamismo, eficiência
e responsabilidade.
Ao deixar o cargo de
secretário municipal em março deste ano, a fim de se tornar
elegível nestas eleições para vereador, Arlindo Leão provou que
faz parte de uma consciência política alheia ao comodismo, pois que
reconheceu sabiamente que o seu ciclo no Poder Executivo havia se
encerrado (o trabalho estava cumprido), onde deixou um legado digno
de elogio como quando esteve à frente de três importantes pastas do
município: Cultura, Trabalho e Turismo. Eleito, o próximo ciclo de
Arlindo Leão terá início em janeiro 2013, onde emprestará o seu
talento como homem articulador dotado de sensibilidade para as causas
emergentes da sociedade, e empreenderá um ritmo de trabalho nunca
visto antes na história da Câmara Municipal. Quem conhece os seus
serviços prestados como secretário, e a forma como estes eram
conduzidos, não estranho alcança a mesma constatação. Como dizem:
“Quem viver verá”.
Tenho refletido nos
últimos dois meses e chegado à conclusão do quanto nós somos
felizes e privilegiados, primeiro porque esta geração que viveu um
final de século XX sem perspectivas de futuro para a nação, hoje,
no século XXI, enxerga o contrário, ou seja, observa o dantes
impossível acontecer. Parnaíba, por exemplo, castigada pela
politicagem de uma família no passado, hoje respira novos ares,
tendo recuperado o respeito e o prestígio perdidos dentro e fora do
estado. Agora, é referência para grupos de investidores nacionais e
estrangeiros, coisa que só havia acontecido naquela fase que
antigamente chamávamos de “ouro” no comércio parnaibano.
Se a cidade viveu dois
grandes ciclos econômicos, o primeiro com o charque, o segundo com a
cera da carnaúba, hoje inicia o terceiro, aliado a toda uma
estrutura administrativa que favoreceu todos os setores produtivos,
culturais, turísticos, educacionais, infra-estruturais...,
sinalizando que se continuar no ritmo que vem mantendo nos últimos
oito anos, viverá mais do que uma fase, sinalizará o início de uma
era.
E a que se deve essa
mudança? Primeiro, se pararmos para observar o cenário político
está mudando. A consciência de nossa gente está cada vez mais
aguçada, ao ponto de começar a desconfiar daqueles que quando
tiveram oportunidade de fazer algo nada fizeram. Os políticos
monarcas estão caindo e ascende com grande importância uma nova
classe de cidadãos preparada para representar o povo em um exercício
político de direito en soi e pour soi. São homens que não fazem do
cargo público um trampolim para a autopromoção familiar, mas que
antes de tudo sentem pulsar em seus corações o amor por uma terra
que nas suas infância e juventude havia sido castigada. São nestes
homens que eu confio. Homens que não necessitam terem acumulado
cargos e mais cargos para dirigirem uma cidade ou representarem o
povo no legislativo. São homens que só por terem amor pelo o que
fazem e respeito para com o próximo, poderão desenvolver um
trabalho dignificante, levando a todos o orgulho pela terra e pela
capacidade de sua gente.
Arlindo Leão e
Florentino Neto, consequentemente candidatos a vereador e prefeito de
Parnaíba, são dois perfis que se encaixam sem sombra de dúvidas
nesta política que está nascendo na segunda década do século XXI.
A história haverá de provar nos próximos anos que serão pessoas
como estas, dotadas com as suas mesmas qualidades, que ditarão os
modelos, as bases e as práticas políticas doravante, onde a
democracia assistirá não apenas ao surgimento necessário de novas
lideranças como também de um novo estado de direito, vindo da
própria vontade do povo que não mais se deixará levar pelas falsas
promessas e demagogias vencidas de uma pseudo-retórica pífia e
mentirosa. Este estado de direito será o meritocrático.
É chegada a hora de
apostarmos no novo. Sejamos sensatos. Não deixemos escapar por entre
os dedos e as teclas a oportunidade de vermos Parnaíba seguir em um
só sentido de desenvolvimento. Pra frente, Parnaíba!
Daniel C. B. Ciarlini