O que poderia estar passando pela
cabeça do gestor local e da sua equipe, com relação aos problemas
que afligem a sociedade parnaibana? Todos sabem dos problemas e da
necessidade de intervenções emergenciais e outras que precisam ser
implementadas a médio e longo prazos, com o cuidado que o
planejamento requer, mas, efetivamente, o que mudou na cidade nestes
últimos 7 meses?!
Quando se fala no assunto, em todo
canto as pessoas comentam e questionam a inércia do atual governo
municipal. “O que você acha do atual Prefeito?” – é a
pergunta que mais se ouve e as respostas, as mais variadas. Não
fosse ele um profundo conhecedor da máquina administrativa e que
sabe avaliá-la por dentro e por fora, em todos os seus meandros,
justificar-se-ia o que os seus seguidores tentam colocar para a
sociedade, ou seja, de que se trata de pouco tempo e que este é um
governo técnico que não vai fazer politicagem com a administração
pública.
Parnaíba, claro, não deseja um
demagogo. A sociedade cansada de tanta espera deseja, sim, que a
gestão municipal responda aos serviços básicos que garantam um
mínimo de qualidade de vida aos parnaibanos. Por isso não se
deseja, igualmente, um hipócrita que planta um discurso ético,
lúcido e transparente, mas que na sua essência mantêm as mesmas
práticas questionáveis na administração pública.
Permito-me fazer essa análise crítica
por entender ser necessário dar um novo rumo ao modelo de gestão
empreendido nos últimos 8 anos e que ainda permeia o mandato do
gestor atual. Poucas ações efetivas foram empreendidas no intuito
de mudar o perfil do município, na busca da melhoria da qualidade de
vida para a maioria da população. Não há um plano estratégico de
desenvolvimento integrado.
Sem oportunidade, a maioria,
especialmente os mais jovens se entregam à marginalidade, às drogas
e à prostituição. Cresce o contingente de desempregados. É
preciso e é possível pensar uma cidade que inclua as pessoas mais
desprotegidas do atual sistema econômico que é concentrador e
excludente. E, o Poder Público pode e deve fazer isso, mas, para
tanto é preciso ter uma equipe comprometida, séria e competente.
Você conhece o Parque José Estevão?
Ali está o exemplo da ausência plena do Poder Público. Não tem
escola, nem posto de saúde, não tem água, falta iluminação
pública, moradias insalubres, não tem calçamento, aliás, nem
estrada para se chegar lá. Mas lá tem gente! São centenas de
famílias que buscam sobreviver, Deus sabe como... Eles só são
lembrados nas campanhas eleitorais. Juro como eu queria ver uma
gestão comprometida com o combate às desigualdades sociais do tipo
expostas no Parque José Estevão e que envergonham nosso modo de
sociabilidade, inclusive o de fazer política!
Dizer que ainda é cedo, que não deu
tempo para executar os projetos que estão sendo elaborados, é um
tapa na cara de quem acreditou que esse governo responderia às
inquietações da população. Governo esse que tende a se perpetuar
no poder e vai fechar um ciclo de doze anos. Pouco tempo?! Diante
disso, será que não tiveram tempo de ver a miséria que se instalou
na periferia da cidade? Não tiveram tempo de cuidar das praças? Das
escolas, do sistema básico de saúde? É, parece que 8 anos foi
pouco para isso!
A impressão que passa é a de que a
atual gestão recebeu um município falido, onde as políticas
públicas, em sua maioria, não funcionam ou funcionam muito mal.
“Estamos planejando uma cidade melhor”, dizem. Mas de que gestão
estão falando? Afinal são os próprios de hoje que estavam lá
desde 2005? Parece contraditório reconhecer que a administração
anterior não cuidou bem da cidade...
Mas mesmo assim, para os gestores a
coisa vai bem. Tapando uns buracos aqui, outros ali, pagando em
dia..., como se isso fosse um grande feito e muito discurso, muitos
projetos, muitas promessas...
Mas o fato que mais nos chama a atenção
nestes 7 meses de gestão, é que não se percebe sequer nenhum
enfrentamento de um grave problema social. Será porque não temos?
Está tudo bem ou não conseguem ver a saúde precária, marcada pela
falta de atendimento básico, com postos sem estrutura e
profissionais desconectados com a realidade das comunidades? Educação
com indicadores que maquiam um avanço pela proposta do FUNDEB, mas
que ainda não se refletiu num ensino de qualidade? Insegurança
pública motivada especialmente pelo avanço das drogas? Trânsito
caótico... cadê o planejamento estratégico? A engenharia de
tráfego? E o restaurante popular fechado há mais de dois meses para
apuração de suspeita de envenenamento de comida? É, mataram a vaca
para eliminar o carrapato... E as nossas praças? Foi criada uma
superintendência especial só para cuidar da pasta, mas... “ainda
tá cedo”!!!
Aguarda-se uma ação mais incisiva do
governante e da sua equipe. Bastariam olhar e executar as propostas
do plano de governo que apresentaram nas eleições de 2012. Mas aí
vem uma nova frustração, parece que é mesmo uma peça fictícia e
que se tornou obrigatória apenas para o registro de candidatura de
prefeito. Nada mais que isso. Será que alguém da equipe tem o
plano de governo proposto pelo prefeito Florentino Neto? Alguém
executa o que está lá? Fica a dica, pois como plano é bom, precisa
ser executado!
Que floresça um pensamento diferente,
sobretudo atitudes saudáveis!!!
Por Fernando Gomes, sociólogo,
cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano